A Discoteca dos Sousa:Roberto Carlos (álbum de 1972)

O ano era 1972, auge da ditadura militar no Brasil, Roberto Carlos, ídolo incontestável, oficialmente não se pronunciava sobre o assunto. Assim  enveredou por um caminho ultra romântico. Seu habitual lançamento de final de ano foi um LP em que a maioria das canções são  tristes.  O próprio semblante de cantor na capa tinha um ar um pouco sofrido.

Escutei este álbum inteiro hoje, mais uma vez, e fica claro que é  um disco autobiográfico, lançado num momento em que o cantor se encontrava profundamente melancólico. O disco é recheado de pérolas e começa com a música “A Janela”  que fala da vontade de sair de casa e enfrentar os problemas sozinho. Ela é seguida da romântica “Como Vai Você” composição de Antonio Marcos e Mário Marcos, talvez o maior sucesso deste disco, primeiro na  voz de Roberto Carlos e no ano seguinte na de Antonio Marcos .

A terceira faixa,  “Você é Linda”  toca no tema da gravidez e da maternidade, e é seguida pela belíssima  “Acalanto” de Dorival Caymmi. Depois  duas canções  que falam de um amores malsucedidos:  “Por Amor” e “A Distância“,  esta última mais um  grande sucesso.

O lado religioso de Roberto está presente em “A Montanha” praticamente uma continuação de “Jesus Cristo“, mega sucesso em 1970. Segue-se outro lamento amoroso em “Você Já Me Esqueceu” de Fred Jorge e na faixa seguinte: “Quando as Crianças Saírem de Férias“, ainda na linha auto biográfica, Roberto queixa-se da dificuldade do dia a dia, que não deixa tempo para curtir seu amor a sós e deseja que as crianças saiam de férias.

A próxima faixa já diz tudo no nome : “O Divã“;  uma das canções mais confessionais, que Roberto Carlos compôs e gravou, que fala da dificuldade da família em sobreviver e do possível acidente que  sofreu quando criança em sua cidade natal Cachoeiro do Itapemirim-ES.Encerrando o LP a bela, mas também triste “Agora Eu Sei” de Helena dos santos e Edson Ribeiro. Um clássico digno dos anos 1970. e que tem um lugar especial na minha discoteca.

Show: Roberto Carlos no Mineirinho 24/09/11

Os Sousa sempre vão a Shows musicais e costumam compartilhar aqui a sua experiência. Neste último final de semana, um pouco de má vontade, fui assistir a apresentação de Roberto Carlos (RC) no Mineirinho, em Belo Horizonte. Já na fila para a entrada uma constatação, o público de RC é muito grande e tem uma diversidade que jamais havia visto num show musical. Havia gente de todas as espécies, cores, formatos, credos, idades e camadas sociais misturadas na fila de entrada, e nem sempre (ou quase nunca) os mais “abonados” iam para os lugares mais caros.

Depois de uma espera de mais de uma hora, com cerca de 40 minutos de atraso, a Orquestra que acompanha o Rei, a RC 7 ou RC 14 (?) abriu o show, ou melhor a celebração, tocando um pout-pourri de músicas de RC, devidamente acompanhada por um coro de milhares de vozes. De repente – histeria – o locutor anuncia e entra o Rei. RC é carismático, esbanja simpatia e competência, não se abala com a péssima acústica do Mineirinho, nem com as onipresentes falhas dos equipamentos de audio (que chegam a interromper o show por alguns minutos). São quase duas horas de sorrisos, coros, baladas amorosas, mãos para o ar, num clima de total celebração. A plateia está alí para homenagear o seu ídolo, não importa que o repertório seja quase sempre o mesmo (aliás é bom que seja), que RC esteja sempre vestido de maneira semelhante, que não haja nenhuma cenografia especial. Só o que importa é a presença do ídolo. E porque RC é tão especial? Acho que é talvez porque ele goste do papel que lhe cabe. Na minha vida, ví poucos artistas com tamanha disposição e prazer em atender seu público (talvez Paul McCartney ou quem sabe Elvis Presley)

A música. A música é o que menos importa no show de RC. Não que ela seja ruim; a orquestra é altamente competente e RC ainda canta bastante bem, sem deixar de fora nenhum de seus maiores hits. Após as duas horas de show, a celebração termina com uma grande comunhão. Enquanto a Orquestra toca, RC distribui rosas, beijadas e entregues uma a uma, enquanto recebe dezenas de presentes (que faz questão de abrir, no palco, fazendo cara de grande satisfação)e fim. RC vai embora e a plateia sai extasiada.

É isto. Valeu a experiência. Como ele mesmo diz “Não adianta nem tentar me esquecer, durante muito tempo em sua vida eu vou viver…”

RC no Programa do Jô (1985):

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