Crítica: Elis Regina, a Musical – Teatro Alfa – São Paulo – 18/05/2014

“E quando passarem a limpo

E quando cortarem os laços

E quando soltarem os cintos

Façam a festa por mim.”

                     – Aos Nossos Filhos (Ivan Lins)

 

5 estrelas

Confesso que ir ao teatro nunca foi o meu forte (sim, sou daquelas que prefere assistir a uma boa série de TV, ou ler um bom livro, ou ir a um bom show do que ver uma peça), mas musicais são das poucas coisas que realmente me chamam a atenção. Eu me lembro direitinho da primeira vez que fui a Broadway, lá em 2009, no auge dos meus 23 anos, e fiquei embasbacada com toda a produção musical e de figurino, e com a qualidade e técnica dos atores/dançarinos/músicos. Já falei inclusive aqui no blog sobre a minha admiração pelo musical Chicago, e pensei que seria uma pena não ver nada de tanta qualidade no meu país. Mas que bom que a vida serve para nos enganar, não é mesmo?

Eu já tinha ficado impressionada com a qualidade do musical da Família Addams, que fui no ano de 2012, aqui mesmo em São Paulo. As coreografias bem executadas, as letras bem traduzidas, foi realmente divertido, mas ainda pensei que a boa apresentação era mérito da peça ser uma mera franquia da versão americana: “Eles não devem deixar o nível cair“, eu pensei. E errei de novo.

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Quando decidi ir ao musical dedicado a Elis Regina, com texto de Nelson Motta e direção de Dennis Carvalho, eu confesso novamente que foi mais porque, logo após a morte de Jair Rodrigues, a Rede Globo mostrou algumas cenas da peça e atiçou minha curiosidade. Não foi nada programado. Foi algo como: vi-desejei-comprei. E, como fui sem expectativas, me surpreendi novamente. Apesar do Teatro Alfa não ser lá essas coisas (e eu ter minha visão completamente prejudicada pelo local em que consegui ingressos de última hora), o espetáculo não foi pior por nada disso. “Elis, a musical” é um show de cores, figurinos fieis e bem pensados, coreografias belas e criativas e vozes surpreendentes. Eu sempre gostei de Elis Regina, mas nunca fui uma fã incondicional, e conhecer detalhes íntimos da sua história que não acompanhei (especialmente porque ela morreu quatro anos antes de eu nascer) só me fez gostar ainda mais do que eu já sabia. Entender sua briga com o cartunista Henfil, seu caótico casamento com Ronaldo Bôscoli, sua admiração por Milton Nascimento e sua proximidade com a esquerda política no país (com direito a uma cutucada na plateia, provavelmente, anti-PT, ao deixar claro que Elis admirava as ideologias de Lula e do partido, que -pasmem- ela se afiliou em 1981) foi especial não só para mim (que pouco conhecia destes bastidores), mas para uma grande parte da plateia que conhecia somente a Elis cantora. A cena final, com uma delicada menção a sua morte e uma interpretação emocionada de “Aos Nossos Filhos”, encheu os meus olhos de lágrimas e muitos corações de saudade.

Quero parabenizar também a qualidade dos atores em palco. Vivemos uma época no Brasil em que a leva jovem de atores da TV só quer fazer TV, e viram estes robozinhos que estamos acostumados a ver nas novelas globais (sim, Caio Castro, estou falando com você). Eu já estava desacreditada em achar talentos por ai, mas eu devo aplaudir o que vi ontem em palco. Com certeza, grande parte do elenco não tinha mais do que 40 anos (com exceção de Tuca Andrada, que tem 48) e sobrava vontade e talento. Mas dois me surpreenderam de maneira impressionante: Lilian Menezes (a suplente de Laila Garin, que interpreta Elis) e Ícaro Siva (intérprete de Jair Rodrigues e outros personagens avulsos). A intérprete suplente de Elis Regina não deixou a desejar em nada (absolutamente nada) ao representar o papel mais importante da trama. Os trejeitos, a voz irônica e o excesso de palavrões eram tão similares aos de Elis que, em alguns momentos, dava nervoso de vê-la no palco: parecia a pimentinha mesmo. Na hora de cantar os clássicos de uma das melhores cantoras do país, Lilian deu outro show e não decepcionou. Quanto a Ícaro, a surpresa ficou mais pelo talento desconhecido do que qualquer outra coisa. O menino, que originou da duvidosa fábrica de talentos da Globo, a novelinha Malhação, esbanjou vontade e voz ao interpretar Jair e compor o grupo de atores e dançarinos em outras cenas – mereceu meu aplauso.

Quanto ao musical, penso que agora podemos falar do quanto estamos prontos para fazer deste ramo algo tão nosso quanto a Broadway é de Nova York: o que não falta para o brasileiro é talento. Nós somos atrasados em muitas coisas, temos problemas políticos e sociais, mas somos um povo extremamente criativo e talentoso, e não há dúvidas quanto a isso. A prova é que temos novelas tão fortes que são reprisadas em vários países de língua portuguesa, música tão eclética e rica que muitos gêneros são conhecidos e admirados em qualquer canto do mundo, e características culturais tão diversificadas que nos fazem ser esta maravilha e este desleixo que sabemos ser. Esta misturada toda que é o Brasil cai muito bem em um musical, afinal, existe alguém que entende mais de cantar e dançar do que nós? E contar história a gente conta muito bem, basta querer. O musical de Nelson Motta sobre Elis só me convenceu de que temos talento de sobra para fazer estes e muitos outros espetáculos de qualidade, aqui e fora do país. Quem sabe um dia, em um futuro bem distante, alguma peça nossa não concorre a um Tony Awards? Basta querer.

 

Crítica: Raul de Souza: Praça Floriano Peixoto – Belo Horizonte – 17/05/14

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COTAÇÃO: ****

Não é sempre que uma lenda da MPB/Jazz vem tocar gratuitamente em uma praça em sua cidade. Ainda mais comemorando 60 anos de carreira e 80 de idade. Pois Raul nos deu este privilégio. A abertura do show contou com a participação de duas bandas da capital mineira,  o grupo Choro Nosso e Felipe Continentino. Acompanhado por uma banda jovem e talentosa, Raul de Souza se apresentou ao lado de Fábio Torres (teclados), Mário Conde (guitarra e cavaquinho), Glauco Sölter (baixo) e Serginho Machado (bateria). O repertório do show teve um pouco de cada um dos seus trabalhos mais recentes, o DVD “o DVD “O Universo Musical de Raul de Souza” e  o CD “Voilá!”. Raul é mais conhecido no exterior que no Brasil, mas aqui já tocou com Pixinguinha, Agostinho dos Santos, Tom Jobim, Zimbo Trio, Paulo Moura, Milton Nascimento, Djavan, Maria Bethânia, Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti, além de participar da gravação do primeiro disco de música instrumental brasileira da história, ao lado de Sivuca, Altamiro Carrilho e Baden Powell. Em seus 80 anos de carreira, Raul também se apresentou com Sergio Mendes, Airto Moreira, Sonny Rollins, George Duke, Freddie Hubbard, Cannoball Adderley, entre outros.O instrumentista teve um de seus trabalhos, “Collors”, como matéria de estudo da renomada Berklee College of Music. Seu nome figura entre os melhores trombonistas do mundo em revistas especializadas e é considerado referência mundial por sua ginga e fraseado brasileiro, típico das gafieiras cariocas. Mestre da arte musical, Raul de Souza se dedica, também, a experimentação de diferentes instrumentos e propostas musicais, a exemplo do Souzabone, criado pelo músico.

O repertório do show teve  Jobim  (“Ela é carioca”), um Nelson Cavaquinho (“A flor e o espinho”) e os clássicos (“ Vou Vivendo ” e “Urubu Rei” ) e nada menos do que oito temas originais, que mostram o seu lado de compositor  entre eles, “À vontade mesmo”, faixa-título do seu álbum de estréia, de 1965. Ótimo show para um público às vezes nem sempre tão atento a qualidade da música que nova no palco.

O vídeo abaixo não é da apresentação em BH, mas dá uma ideia do que ouvimos aqui:

Crítica: Transmissor: Teatro Bradesco, Belo Horizonte : 09/05/14

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Cotação: ***1/2

Boas surpresas no show de lançamento do novo álbum do Transmissor “De lá não ando só”. A primeira boa surpresa, a banda ao vivo é melhor que gravada. Embora a equalização do som tenha deixado a desejar – a voz dos cantores soava um pouco embolada , as melodias agradáveis, as maravilhosas intervenções da guitarra de Henrique Matheus e a bela voz de Leonardo e Jeniffer a compensaram amplamente. Impossível não se empolgar com a levada da banda, que esbanjou maturidade. Impossível também não considerar que hoje  o Transmissor seja o mais legítimo herdeiro do legado deixado pelos Hermanos. Como diria o comercial de cerveja, provavelmente a melhor banda de rock do cenário musical brasileiro de hoje. As novas canções estão mais pesadas, no sentido musical, mais rock que balada, mas continuam agradavelmente suaves. “De Lá Não Ando Só “é um álbum especial dentro do cenário musical brasileiro, merece ser ouvido muitas vezes e o show só fez valorizar as belíssimas “Casa Branca”, “Queima o Sol”,”25 horas por Dia”e “Todos vocês” entre outras. Destaque também para sucessos já conhecidos do público, como “Só se for Domingo” e “Primeiro de Agosto”, além do belo cover para a antológica “Nada será como antes”, como que para marcar a sua forte ligação com as raizes da boa música mineira.Porque 3 e 1/2 ? Só por causa da equalização.

 

Crítica: Shows Marcos Souza, Gladson Braga e Sigrún K. Jónsdóttir – Café com Letras Liberdade – 05/05/14

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Foi muito bom o show no Café com Letras, localizado no Espaço Cultural do Banco do Brasil na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, nesta segunda-feira, dia, 5 à noite. Apresentaram-se o pianista e compositor Marcos Souza, filho de Chico Mário e sobrinho de Betinho e Henfil, acompanhado do excelente percusionista Gladson Braga e de uma inusitada convidada internacional, a islandesa Sigrún K. Jónsdóttir.Sigrún começou os estudos de violino e posteriormente piano e trombone. Formada em música clássica na escola de música de Hafnarfjörður e jazz no rhythmic institute of FÍH, em Reykjavík, em 2013 graduou-se em música do mundo, especializada em música latina na Universidade de Artes de Rotterdam, Codarts. Em Rotterdam, conheceu o músico brasileiro Marcos Souza, que participou de um show na mesma universidade. Além de uma paixão por fazer arranjos e dar aulas, tem atuado com diversos artistas como Gerardo Rosales, Björk Guðmundsdóttir, Izaline Calister, Lilian Viera, entre outros.

O repertório foi composto basicamente de musicas do compositor Chico Mário, pai de Marcos. A obra de Chico é extremamente brasileira e variada, composta por choros, baiões, valsas, e uma infinidade de ritmos. Foi interessante notar como os arranjos foram bem executados, de modo que, a obra de Chico, quase toda escrita para violão, pudesse ser executada e valorizada por um belo piano, tocado por Marcos e lindos solos de trombone e violino de Sigúr, embalados por uma rica e delicada percussão de Gladson. Destaques para temas políticos como Guerra de Canudos, a belíssima Las Locas, em homenagem às mães da Plaza de Mayo, para os belos choros e para os improvisos. Enfim uma noite quase perfeita, só incomodada  pelo ruído de fundo de alguns frequentadores mais interessados em curtir seu celular do que a ouvir uma boa música. E resta uma pergunta, porque conhecemos tão pouco a extraordinária obra deste músico brasileiro ? Que venham outras oportunidades.

Crítica: Ian Anderson – Palácio das Artes – Belo Horizonte 15/03/13

Cotação: *****

O Palácio das Artes esteve lotado na noite de sexta dia 15/03/13. O motivo era a presença do líder do Jethro Tull, mais uma vez entre nós em Belo Horizonte, para apresentar o repertório de seu álbum Thick As A Brick lançado pelo Jethro Tull em 1972. Numa primeira parte que durou cerca de uma hora, Ian Anderson encantou a todos , ou melhor nos hipnotizou a todos ,com uma performance perfeita. Sua voz ainda é a mesma, assim como a vitalidade e a presença de palco. Parece que o tempo não passou para ele. Cabe ressaltar a excelente banda de apoio, que não deixou que sentissemos a falta do restante do Jethro Tull. Composta do ator e excelente vocalista inglês Ryan O´Donnell que representou muito bem a figura central do disco, Gerald Bostock. Impressiona o timbre de voz de  O´Donnell e a sua perfeita sintonia vocal com Anderson. Além dele , um excelente guitarrista , o alemão Florian Opahle, o veterano John Ohara nos teclados,  um baterista competente Scott Hammond , e David Goodier (baixo).
 
 
 
 
Após um intervalo de 15 minutos (ou um pouco mais) , a segunda parte da apresentação veio também com a execução na íntegra de Thick As A Brick 2 que maravilhou todos os presentes. Mais uma vez, a estória gira em torno de Bostock só que 40 anos depois.Após a bela execução de TAB2, a banda retorna ao palco para um único e essencial bis da excelente música Locomotive Breath que fez o teatro ir abaixo! O público de pé acompanhou em coro a letra juntamente com Anderson que se encontrava visivelmente satisfeito pelo belíssimo show que ele e sua banda acabara de fazer. Só posso dizer, que é sensacional a ideia de apresentar ao vivo discos icônicos como Thick As A Brick, e emocionante ver como eles resistiram ao tempo. Um show fantástico e inesquecível.

Crítica: Elton John no Mineirão : 09/03/2013

Elton John  (Foto: Mateus Baranowski/G1)

Cotação: ****

Parecia um sonho, um de meus maiores ídolos da juventude aqui em BH,  alí pertinho, pertinho, cantando ao vivo os sucessos que embalaram desde a minha adolescência até a vida de adulto. Afinal Sir Elton John traz na bagagem nada mais, nada menos que 50 anos de uma carreira cheia de hits. E o Mineirão foi um palco quase perfeito para recebê-lo na continuidade da turnê “40th anniversary of the Rocket Man”. Às 22:02 o público vibrou com “The bitch is back”seguida por “Bennie and the jets”. Elton cumprimentou a plateia, e disse estar muito feliz de tocar no Brasil. O show foi marcado ainda por belos solos de guitarra e de piano, aliás, como é bom pianista Elton John. Quase todas  canções mais conhecidas tforam tocadas, como “Rocket Man”, “Candle in the wind”, “Tiny Dancer”, “I guess thats why they call it the blues”, “Daniel”, “Skyline pigeon”, “The One” e “Dont’ let the sun come down on me”. O show terminou em alto astral após “Saturday nights’ alright for fighting”, quando Elton  se retirou o palco, e o público pediu bis. Elton John voltou e encerrou o show ao som de “Your Song”, música gravada por Billy Paul, e um dos destaques do filme “Moulin Rouge”. Muito simpático, autografou várias camisetas e objetos atirados ao palco.

A propósito, O Mineirão passou bem no teste para grandes eventos musicais. O único senão foi o som um pouco embolado no início do show, e que foi corrigido com uma equalização melhor ao decorrer do show. Muito bom e que venha Sir Paul McCartney em maio.

Show: Jon Anderson – Palácio das Artes (Belo Horizonte) 26/09/12

Jon Anderson se apresenta no Brasil em setembro

Cotação dos Sousa: ****

Fiquei devendo o comentário do show de Jon Anderson no Palácio das artes aqui em BH. Sim, o Vitrola esteve presente e trás agora suas impressões.  Jon quase morreu em 2008, vítima de uma grave insuficiência respiratória e de cirurgias abdominais, para tratar uma pancreatite. A partir de 2009, ele começou a fazer shows mais intimistas. No palco só Jon, velas acesas, violões,ukelele, um instrumento de cordas chinês e um teclado ( de que, segundo ele, “utiliza apenas as teclas brancas”). Aliás, este é um diferencial do “novo” Jon Anderson – livre de toda parafernália eletrônica, ele mostra excelente humor e dialoga com a platéia o tempo todo. No repertório várias belas canções , embaladas por sua voz, que ,aos 67 anos, permanece maravilhosa.

Fomos brindados com versões de  “One Love”, de Bob Marley, “América” de Paul Simon e até de “A Day in Life”, dos Beatles. Destaque para clássicos de seu tempo como vocalista do  Yes como Ÿours Is No Disgrace”, “Sweet Dreams”, “And You and I”, “Long Distance Runaround”, “Soon” e até “Owner of a Lonely Heart”. Ah , e o bis foi com a belíssima “Wonderous Stories”. Um belo espetáculo. Quem não foi perdeu.

Show: Wishbone Ash – Granfinos – Belo Horizonte 23/09/12

Foto: Granfinos recebe hoje a banda inglesa Wishbone Ash http://migre.me/aMTXw

Cotação: ****

Domingo passado vivi uma experiência diferente. Como eu achava que era um dos poucos fãs da banda inglesa , lendária nos anos 1970-1980, fui sozinho assistir ao show deles no Granfinos, um pequeno bar dançante e casa de shows, localizada em Santa Efigênia. Eu não podia perder a chance: afinal, em 1980, em Londres eu tive que procurar em uma loja de LP’s usados, para comprar um clássico das bandas : Argus , que eu não conseguira encontrar em BH. Agora os cara iam tocar a menos de três mil metros de minha casa e eu não iria? Afinal o Wishbone Ash é considerado como um dos maiores inovadores do rock, no que diz respeito à harmonia , com o uso das “guitarras gêmeas”  atuando como  “lead guitar” . Na época,  Andy Powell e Ted Turner  foram votados como  “Two of the Ten Most Important Guitarists in Rock History” (Traffic magazine 1989),e depois como  “Top 20 Guitarists Of All Time” (Rolling Stone).  A Melody Maker(1972) descreveu  Powell e Turner como “o dueto de guitarras mais interessante desde  que  Jeff Beck e Jimmy Page tocavam juntos no  The Yardbirds”.Os membros originais eram :  Martin Turner (baixo & vocais) , Steve Upton (baterias e percursão) , Andy Powell e  Ted Turner (guitarras e vocais) . A formação que esteve em BH foi a do Martin Turner’s Wishbome Ash, no seu tour mundial “No Easy Road”. Martin Turner’s Wishbone Ash apresenta os guitaristas Ray Hatfield  e Danny Willson, e o baterista  Dave Wagstaffe, nas como Martin foi o fundador da banda, permanece fiel aos arranjos e ao legado do Wishbone Ash original.

Foi uma boa experiência. Um público majoritariamente masculino, com a idade variando de 30 aos 60 anos, assistiu uma autêntica “guitar band” dos anos 70, com guitarristas excelentes, arranjos fiéis ao legado do Wishbone Ash e uma lenda viva do rock: Martin Turner como “front man”, tudo assistido de uma distância de menos de 5 metros do palco. Dá para querer mais. Superdivertido. Foi uma grande noite. Perdeu quem não foi.

Show: Chico Buarque – Chico – Palácio das Artes – Belo Horizonte 06/11/11

Cotação:

Chico escolheu BH para abrir a temporada de promoção de seu novo CD, e o Vitrola esteve lá. O que nós vimos foram as habituais cenas de  idolatria, nem sempre (ou quase nunca) correspondidas, de um público que lotou o Palácio das Artes.

A Banda de Chico é excepcional: Jorge Helder e Wilson das Neves, o maestro e arranjador Luiz Claudio Ramos, João Rebouças (piano e teclados), Chico Batera(percussão), Marcelo Bernardes (flautas, saxofone) e Bia Paes Leme (teclados e vocais).

O show é correto, embora comece bastante frio, mas reserva algumas boas surpresas. Canções menos frequentes nas apresentações ao vivo, como Baioque, Ana de Amsterdam, O Velho Francisco , De Volta ao Samba, Desalento, Injuriado   substituiram outras mais conhecidas. Do novo disco algumas ainda pouco conhecidas, como Querido Diário e Rubato. Chico quase não se move no palco, mas é adorado. O climax vem com as mais conhecidas do público : Geni e o Zepelim, Sob Medida, Bastidores, Todo o Sentimento ,  O Meu Amor ,  Teresinha ,  e “Anos Dourados.

Outro momento interessante foi quando Chico brinca de rap em resposta ao rapper Criolo, que fez uma música inspirada em Cálice. Diz Chico:

” Pai, afasta de mim a biqueira
Afasta de mim as ´biate´
Afasta de mim a ´cocaine´
Pois na quebrada escorre sangue

Pai, afasta de mim esse cálice/ De vinho tinto de sangue”

Um momento especial do show acontece quando ele convida seu  “personal baterista”,Wilson das Neves, para cantar  e divide com ele os vocais de  Teresa da Praia (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), imortalizada por Dick Farney e LúcioAlves.

Chico volta duas vezes para o bis e no segundo e último bis canta Na Carreira  (Edu e Chico), do “Grande CircoMístico”, de 1982, que avisa  ao público:

” Hora de ir embora
Quando o corpo quer ficar
Toda alma de artista quer partir

(…)

Ir deixandoa pele em cada palco
E não olhar pra trás
E nem jamais
Jamais dizer
Adeus”

Chico abre os braços, se despede com um tímido beijinho, que mal escorrega de suas mãos e dá adeus. Fica a impressão de que o show poderia ter sido melhor. Chico é muito tímido, tem pouca presença de palco e isto limita um pouco o espetáculo. Ser um artista que agrada seu público, que pagou caro para assistí-lo, e que quer escutar sempre as mesmas músicas ( como fazem Roberto Carlos e Paul McCartney, por exemplo), ou arriscar em um show mais ousado, recheado de músicas menos conhecidas e mais  novas ? Qual a fórmula ideal ? Chico escolheu o meio do caminho, o que parece ser uma decisão sábia e justa. Resumindo, gostamos. Dou 4 estrelas.

Encontro Marcado – Sá,Guarabyra,14 Bis e Flávio Venturini – Chevrolet Hall – Belo Horizonte – 12/02/2011

O Vitrola esteve na noite do dia 12/02 no Chevrolet Hall em Belo Horizonte, para acompanhar o Show conjunto de Sá & Gyarabyra, 14 Bis e Flávio Venturini. Eram quase 23:00, quando, num Chevrolet Hall lotado,  Sá e Guarabyra subiram ao palco e, embora prejudicados por um defeito técnico, que criava zumbidos incômodos e distorções, mostraram a habitual competência e empatia com o público, cantando uma série de sucessos que nos embalaram  na segunda metade dos anos 1970 e primeira metade dos 1980. Como não se emocionar com canções como Roque Santeiro, Uma Velha Canção Rock and Roll, Dona e sobretudo com o final apoteótico cantando Sobradinho com o coro de toda a plateia ?

Após um pequeno intervalo, foi a vez de Flávio Venturini, apresentado por Sá, como antigo integrante de sua banda, indicado, na época,  por Milton Nascimento, subir ao palco e, depois de se apresentar com os dois, iniciar uma série de sucessos, conhecidos do público. Embora o local não fosse adequado para o tipo de música apresentado por Flávio, melhor para ambientes menores, como um teatro, alguns momentos foram marcantes como a belíssima Criaturas da Noite e a inspirada Caçador de Mim.

Mais um pequeno intervalo, para troca de alguns equipamentos e chegou a vez do 14 Bis. É impressionante observar como continua boa esta banda: solos perfeitos, equalização adequada, arranjos originais mantidos (tudo que uma plateia de fans deseja), muito boa relação com o público, escolha correta do repertório e sobretudo MUITA ENERGIA. O Chevrolet Hall cantou o tempo todo com o 14 Bis : Natural, Planeta Sonho, Linda Juventude, Nos Bailes da Vida, Canção da América … Não faltou motivo para cantar.

Para o bis final, voltaram todos para as inevitáveis: Bola de Meia,Bola de Gude e  Espanhola. Um bom show e uma agradável surpresa ver que pelo menos o público mineiro ainda adora estes seus idolos e que eles, felizmente ainda estão em muito boa forma. Longa vida: Sá,Guarabyra, 14Bis e Flávio Venturini !

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