Sound & Color, o novo do Alabama Shakes

Por Marina Magalhães e Mauro Kleber

A charmosa banda de Brittant Howard e companhia voltou, para a nossa alegria, depois de um hiato de quase dois anos, com um maravilhoso álbum para o ano de 2015. Sound & Color é a prova de que a banda americana do estado de Alabama evoluiu bastante seu estilo e sua técnica musical desde o seu primeiro lançamento (o delicioso Boys & Girls).  Em Sound & Color as canções são mais bem trabalhadas, mais sexys e mais ousadas, explorando bem do talento de Brittany, e da capacidade de seus companheiros em moldar suas experiências vocais.

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A mistura de sons promovida em Sound & Color remete o melhor dos anos 80 (como nas canções Shoegaze e Guess Who, que poderia, facilmente, ter sido gravada por Style Council), mas também mostra fortes influências do puro blues (como escutamos na bela Miss You, que ficaria ótima na voz de Mick Jagger), do jazz (na doce Geminii) e do soul e R&B, que é o ponto forte da vocalista (bem representada nas excelentes I Don’t Wanna Fight e na música de lançamento Sound & Color). O rock, que é vendido como o carro chefe da banda, fica por conta da canção The Greatest.

Assim, com tantas referências, deveria ser fácil se perder ao escutar a nova empreitada dos Shakes, porém a mistura é cozida com grande competência, num caldeirão rítmico, com o tempero correto. Esse é o grande mérito da ousadia e criatividade do grupo.

Apesar da canção mais tocada nas rádios ser a que carrega o nome do álbum, o último lançamento do Alabama Shakes é uma coletânea de músicas que deve ser escutada em conjunto, já que todas se completam nas suas particularidades e mostram a força de uma banda que saiu das margens do cenário Indie para mostrar sua força entre os grandes artistas do rock atual. Vale muito a pena perder algumas horas do dia com esses ousados garotos americanos.

Para ilustrar o texto deixamos vocês com Future People, uma das canções que prova a capacidade do grupo em mesclar vários estilos e criar o seu próprio.

E você? Gostou do lançamento do Alabama Shakes? Queremos ouvir sua opinião!

Lançamento da Semana: Wado – 1977 (2015)

COTAÇÃO: *** 1/2

O catarinense-alagoano Wado, volta com seu oitavo disco, 1977, o ano de seu aniversário. Wado está mais pop e acessível, o que não é de nenhuma maneira pior. O disco está recheado de participações nacionais e estrangeiras: Lucas Silveira, da banda Fresno participa de Cadafalso, o toque lusitano fica por conta da participação de Samuel Úria em Deita, e de Martin, juntamente com a argentina Belen Natali e João Paulo, da banda Mopho, na bela faixa Condensa . Destaques também para a alagoana Sombras e para o som sessentista-setentista de Um lindo dia de sol que me evocaram influências de Os Mutantes e do Terço. Um bom lançamento deste já veterano artista. Recomendo sem sustos

Mais sobre este disco, inclusive Download grátis em Raras Músicas

Show: St. Vincent – Chevrolet Hall – Belo Horizonte – 26/03/15

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Cotação ****

No mesmo dia do show de Robert Plant, aqui em BH, tivemos, abrindo a noite, a nova musa indie, Annie Clark, que fez um show irretocável, que conquistou a plateia de cerca de 2500 pessoas que tiveram a boa ideia de chegar mais cedo. O conjunto de Anne é o St. Vincent, que tocou por  mais ou menos 40 minutos e mostrou algumas canções de seu quarto álbum de estúdio, homônimo, escolhido entre os  um dos melhores do ano passado, por vários órgãos especializados, inclusive a Vitrola dos Sousa.

Anne Clark, agora de cabelo escuro, faz com que seu conjunto soe como uma mistura de passado e presente. A receita do St. Vincent: coloque num liquidificador a voz doce, como a de Aimée Mann, ex- Till Tuesday, uma pitada de glitter e inspiração coreográfica de Joan Jett e Suzy Quatro e a guitarra agressiva e o rock engajado de Patti Smith . Bata tudo junto e escute por pelo menos uma hora em alto e bom tom.

Set List:

  • Bring Me Your Loves
  • Digital Witness
  • Cruel
  • Rattlesnake
  • Marrow
  • Cheerleader
  • Huey Newton
  • Regret
  • Birth in Reverse

Deixou um gostinho de quero mais. Abaixo a musa apresentando a abertura do show Bring Me Your Loves (em Buenos Aires ) e a belíssima Rattlesnake, em BH, ambas do seu último disco

Originalmente publicado em: Sousa’s Blues Blog’n’Roll

Show: Robert Plant – Chevrolet Hall – Belo Horizonte – 26/03/15

Robert Plant Ao Vivo

Cotação: *****

Estamos chegando do show de Robert Plant no Chevrolet Hall, em BH. “Lenda viva”é pouco para definir quem é Plant. Como eu mesmo disse em outro post, ele é o elo perdido entre os dias de hoje e o Led Zepellin. Provavelmente é o que se teria tornado o Zep, se eles tivessem permanecidos juntos. A voz continua marcante, e uma das mais belas do rock, mas a riqueza musical aumentou muito. Plant adicionou ao som do Led Zepellin sonoridades contemporâneas, que remetem ao country, à música africana e à oriental, sem no entanto deixar de soar como Robert Plant. Do alto de seus 66 anos, Plant mostrou ser mais ousado e moderno que seus ex-companheiros. Seria uma heresia dizer que não dá para sentir falta de Jimmy Page ou de John Bonham, tampouco de John Paul Jones. Não, que eles não tenham sido ou ainda sejam importantes músicos, mas Plant está esplendidamente acompanhado por um time de primeira: The Sensational Space Shifters inclui o baterista Dave Smith, o músico africano Juldeh Camara, o tecladista John Baggott , o baixista Billy Fuller ,Justin Adams e o espetacular guitarrista, ex-Cast Liam “Skin” Tyson.

O set  list:

  1. Babe, I’m Gonna Leave You (Joan Baez)
  2. Tin Pan Valley 
  3. Spoonful (Howlin’ Wolf)
  4. Turn It Up 
  5. Black Dog (Led Zeppelin)
  6. Rainbow 
  7. Going to California (Led Zeppelin)
  8. The Enchanter  
  9. What Is and What Should Never Be (Led Zeppelin)
  10. Fixin’ to Die (Bukka White)
  11. I Just Wanna MakeLove to You
  12. Whole Lotta Love (Led Zeppelin)

Bis:

  1. Little Maggie 
  2. Rock and Roll (Led Zeppelin)

O show abaixo tem a mesma formação e set list apresentado aqui em BH

Crítica: Samba, Amor & Malandragem – Musical – Teatro da Cidade – Belo Horizonte – 28/02/15

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COTAÇÃO: *** 1/2

Já há alguns anos em cartaz, o musical produzido por Pedro Paulo Cava e dirigido por Kalluh Araújo cumpre bem o seu papel. Diverte e distrai a plateia com boa música (todos os sambas cantados, ou tocados, são lindos clássicos do gênero), enquanto, usando como pano de fundo uma história que já faz parte do imaginário coletivo brasileiro, Dona Flor e seus Dois Maridos, de Jorge Amado, apresenta o samba como um legítimo porta voz da vida nas comunidades. Fica fácil de entender como os sambistas usam e usaram o samba como uma crônica da vida nas favelas. É verdade que hoje a trilha sonora das comunidades é o rap e o funk, mas cada época tem a música que merece, e Samba, Amor & Malandragem, não nos deixa esquecer que o samba já cumpriu, e ainda cumpre este papel com uma ironia crítica e elegante que talvez esteja em falta nos dias de hoje. No elenco atual: Dirlean Loyolla, Kalluh Araújo,Kátia Kouto, Gerson Marques, Luiz Gomide, Jai Baptista,Jefferson de Medeiros, Tiago Colombini e Júlia Borges são os responsáveis por todos os personagens e canções, enquanto nos instrumentos o violão suave e ritmado de Evaldo Nogueira, a percursão de Márcio Batista e Júlia Borges e o cavaquinho de Gerson marques dão o tom. Um bom espetáculo. Não percam. Na atual temporada até o final de semana que vem.

 

Crítica: Queens Of The Stone Age – Espaço das Américas – São Paulo

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O Vitrola nunca perde um bom show, seja ele de Rock, Pop ou MPB. Na quinta-feira passada estivemos na 1ª apresentação solo do Queens of The Stone Age em São Paulo, que aconteceu no Espaço das Américas.

A casa cheia, o calor insuportável (o Espaço é grande, mas fechado), o ar condicionado incompetente e os telões desligados (para o desespero de baixinhos e baixinhas como eu) não impediram Josh Homme e sua turma de entregar talvez um dos melhores shows de rock da atualidade.

josh homme

O talento do QOTSA foi, por muito tempo, ignorado pelas grandes mídias (como ocorre com muitos bons artistas e bandas sem apoio de grandes gravadoreas), já que o grupo californiano está na estrada desde 1996. Sua primeira aparição no Brasil, lá no Rock in Rio de 2001, só chamou a atenção porque o baixista Nick Oliveri resolveu subir ao palco com somente o instrumento musical escondendo sua região genital. Depois disto o QOTSA explodiu em nossos ouvidos (e me incluo nesta turma) com o hit “No One Knows”, com a participação do vocalista do Foo Fighters (e ex-baterista do Nirvana), Dave Grohl, assumindo o som raivoso de sua bateria. A partir dai a banda vem encarando uma crescente e consistente decolada na sua carreira, lançando álbuns que mostram que, apesar de todas as previsões, o rock ainda não morreu. Pelo menos não se depender de Josh e o QOTSA. A energia e a paixão que o vocalista e sua banda carregam pelo rock ficou clara aos olhos de quem compareceu ao Espaço das Américas no dia 25 de setembro de 2014. Fãs hipnotizados cantavam, aos plenos pulmões, todos os clássicos de todos os álbuns da banda. Para quem foi conhecer um pouco do trabalho dos caras, o espanto era nítido com tamanha conexão com a plateia: “A galera é frenética com eles mesmo né?”, disse uma das pessoas que estava ao meu lado. A minha vontade foi de responder: “Amigo, você não sabia o que estava perdendo até hoje”.

Confesso que não consegui ver o cabelo ruivo de Josh Homme, ou os solos estridentes de bateria de Jon Theodore, nem mesmo quando eu resolvia saltar junto com os milhares de fãs que estavam tão em transe quanto eu. O negócio é que eu não precisei disto para sentir que estava tendo o prazer de ouvir, a poucos metros de mim, a melhor banda de rock da atualidade. Dentre todos os grandes sucessos que foram tocados, como as clássicas “No One Knows”, “Make It Wit Chu”, “Feel Good Hit Of The Summer” (que encabeçou um coro insano de seu refrão), “Little Sister”, “Mexicola” (que foi tocada a pedido dos fãs) e “Sick Sick Sick”, a música que foi o destaque do meu show foi a belíssima “The Vampyre Of Time And Memory”: sem dúvidas a mais bela balada de rock já feita desde a morte do grunge, lá nos anos 90.

Consegui tirar três belas lições da minha experiência ao ver o show solo do QOTSA na última quinta-feira:
1- Josh e sua turma são a maior banda de Rock da atualidade. O rock ali é de verdade, agressivo, suave, melódico, sexy, dançante e tudo isso ao mesmo tempo.
2- O Espaço das Américas precisa rever a força de seu ar-condicionado (e as regras sobre ligar ou desligar o telão).
3- Não conseguir ver o palco não é uma condição definitiva para curtir o show ou não. Josh me mostrou que era possível ser cega e ainda sentir toda a vibe deixada por ele ali.

Que o Queens Of The Stone Age volte rápido para outro show, e se você perdeu essa oportunidade não seja distraído o suficiente para deixar passar esta chance novamente.

O setlist:
You Think I Ain’t Worth a Dollar, but I Feel Like a Millionaire
No One Knows
My God Is the Sun
Smooth Sailing
Monsters in the Parasol
I’m Designer
I Sat by the Ocean
…Like Clockwork
Feel Good Hit of the Summer
(with “Never Let Me Down Again”… more)
The Lost Art of Keeping a Secret
If I Had a Tail
Little Sister
Fairweather Friends
Make It Wit Chu
I Appear Missing
Sick, Sick, Sick
Mexicola
Go With the Flow
Bis
The Vampyre of Time and Memory
Do It Again
A Song for the Dead

Show: Orquestra Sinfônica Arte Viva – regência Amilson Godoy convida Toquinho – 30/08/14

Foto: Toquinho na Virada Cultural BH

Cotação: ****

O Vitrola dos Sousa esteve no show em que a Orquestra Sinfônica Arte Viva, com regência de Amilson Godoy acompanhou Toquinho, na Virada Cultural de BH. Não há como um show de Toquinho ser ruim, ainda mais fazendo parte da Virada Cultural de BH, emoldurada pelo Parque Municipal e acompanhado de uma plateia pra lá de acolhedora. Foi um desfiar de sucessos, que foram cantados a plenos pulmões pelos espectadores. Não faltaram os standards da carreira com Vinicius, as músicas infantis, os sucessos próprios e algumas composições de outros artistas. É sempre um prazer escutar Toquinho, seu belo violão e ver que ele ainda mexe com tanta gente.

Crítica Show: Circuito ViJazz & Blues 2014 com Marcus Miller – SESC Palladium 05/08/14

COTAÇÃO ***** e uma casquinha

Tocou hoje em BH , no Sesc Palladium, , um dos baixistas e compositores mais renomados do jazz na atualidade, o americano Marcus Miller, acompanhado de sua banda. Marcus Miller é natural do Brooklyn, da cidade de Nova York, e foi agraciado com o Grammy duas vezes. O repertório do show foi largamente baseado no álbum  Renaissance. Miller conquistou a plateia logo de cara com a balançada Detroit, em que pode mostrar porque é tido como um dos maiores baixistas da atualidade. Seguiram-se outros grandes momentos como Redemption, Revelation e a belíssima Gorée (Go-ray), composta sob inspiração de uma viagem de Miller à África. Destaque especial também para a excelente banda de Miller: Alex Han – saxofone, Adam Agati – guitarra, Brett Williams – teclados, Lee Hogans – trompete e o incrível Louis Cato – na bateria e percussão. Enfim uma aula de jazz, rock, soul, blues e até R & B numa noite memorável. Uma pequena amostra abaixo:

Crítica: Show : Wagner Tiso e Som Imaginário – Praça Floriano Peixoto (BH) – 02/08/14

fotoCOTAÇÃO : *****

Privilégio. Não há outra palavra para definir a possibilidade de estar presente em um dos melhores shows da cidade nos últimos tempos. Wagner Tiso e o Som Imaginário foram os convidados desta noite no palco da série BH Instrumental, realizada pela Veredas Produções, em parceria com o Instituto Unimed-BH, na Praça Floriano Peixoto, em Santa Efigênia. Wagner Tiso e o Som Imaginário preservam desde a sua criação, nos anos 70, o espírito de vanguarda que conquista gerações. Após 37 anos sem se apresentar, o Som Imaginário retornou aos palcos em 2012, com formação diferente da original, com Wagner Tiso, Robertinho Silva, Tavito, Nivaldo Ornelas, Luiz Alves e Victor Biglione, novo integrante do sexteto. O show começou com duas belíssimas instrumentais oriundas do disco Matança do Porco, de 1973. A seguir o conjunto enveredou por sucessos de suas parcerias com Milton Nascimento. Extraordinárias as participações de Tavito, nos vocais, Nivaldo Ornelas, arrasando em em solos e acompanhamentos de instrumentos de sopro, sobretudo nos solos de saxofone, e as belíssimas intervenções de Luiz Alves e Vitor Biglione. Inesquecíveis, além das instrumentais a menção a um membro já falecido, Zé Rodrix, com a famosa Casa no campo e ao guitarrista, Fredera  , que teve sua Sábado, tocada pela primeira vez ao vivo pelo Som Imaginário, cantatda em coro por toda a plateia. Extraordinário.Você deveria ter ido.

Uma pequena amostra:

 

 

 

Crítica: Café com Letras CCBB – Néstor Lombida – 02/06/14

Foto: Néstor Lombida

Cotação *** 1/2

Cubano nascido em Havana, Nestor Lombida é reconhecido em Belo Horizonte pelo trabalho de indiscutível primor à frente da regência da Big Band Palácio das Artes, da qual é um dos criadores. Formou-se em música pela Escuela Nacional de Arte (Cuba) e atualmente é professor de Arranjo e Improvisação no CEFAR. Lombida nos brindou com cerca de duas horas de um piano maravilhoso, com um show calcado mais em músicas brasileiras, sobretudo da bossa nova, como a belíssima interpretação de Insensatez, mas também com espaço para Gilberto Gil, Se eu pudesse falar com Deus, e para clássicos como a disneyniana Someday my prince will come, da trilha de Branca de Neve. Um detalhe – a voz maravilhosa de Néstor devia ser mais usada – é veludo puro. A lamentar como sempre a presença de uma platéia mais interessda em gritinhos, risadas e selfies , do que em escutar música.

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