Amantes do jazz , esta playlist é inspirada nas músicas que o autor japonês Haruki Murakami cita nos livros dele. Supostamente ele tem mais de 10.000 discos de vinil em sua coleção privada. Aqui ele disponibiza mais de 3442 faixas no Spotfy. Achei que você fosse gostariam.
SOBRE MURAKAMI
Nascido em Quioto , filho de um sacerdote budista com a filha de um comerciante de Osaka, com os quais aprendeu literatura japonesa. Passou a maior parte de sua juventude em Shukugawa (Nishinomiya), Ashiya e Kobe.Frequentou a Universidade de Waseda, em Tóquio, dedicando-se sobretudo aos estudos teatrais. Antes de terminar o curso, abriu um bar de jazz chamado Peter Cat, à frente do qual se manteve entre 1974 e 1982.
Em 1986, partiu para a Europa e depois para os EUA, onde acabaria por se fixar.Escreveu o seu primeiro romance – Ouça a canção do vento – em 1979, mas seria em 1987, com Norwegian Wood, que o seu nome se tornaria famoso no Japão.
Murakami é aficionado em esportes de resistência: participa de maratonas e de triatlos, embora só tenha começado a correr depois dos 33 anos. No dia 23 de junho de 1996 completou sua primeira ultramaratona, uma corrida de 100 quilômetros ao redor do lago Saroma em Hokkaido, Japão. Aborda sua relação com o esporte no livro Do que eu falo quando eu falo de corrida (2008). (de Wikipedia)
Uma situação curiosa aconteceu comigo nessa manhã de sexta-feira, vindo para o trabalho.
Entrei no ônibus que pego regularmente, na minha rotina de sempre, com um livro na mão para me entreter nesse período até chegar no trabalho. O livro que estou lendo no momento é a autobiografia de B.B.King (que recomendo fortemente) e, quando me sentei na cadeira, o sujeito ao meu lado me cutucou e disse, com um sotaque gringo:
– Eu estou escutando isso ai agora.
Fiz uma cara de dúvida (não sou nada simpática de manhã, vocês sabem) e ele continuou:
–B.B.King. Riding With The King. Estou escutando.
Vi que ele apontava para o fone de ouvido. Dei um sorriso simpático e achei que o papo tinha acabado ali.
Enquanto eu tentava avançar nos capítulos do livro, o sujeito (que descobri ser italiano), ficava “pescoçando” a minha leitura e fazendo comentários, que eu tentava, ao máximo, ignorar. Até que ele insistiu em puxar assunto:
– Dizem que B.B.King é o maior guitarrista do mundo. Eu prefiro Gary Rossington, do Lynard Skynard.
Novamente, eu ri e disse:
– São estilos diferentes. Mas ele é bom também.
E, não satisfeito, continuou:
– Rock é isso ai. Não o que vocês brasileiros insistem dizer que tocam. Quando me falam que Rita Lee, Titãs e Paralamas do Sucesso é Rock, eu quero chorar. Rock é inglês. Eu fui contaminado pelo vírus do Rock cedo, cresci ouvindo Rolling Stones. Isso é Rock.
Sorri. E tentei dizer: “Não concordo, mas OK.” Mas preferi ficar calada.
E enquanto continuava “pescoçando” meu livro ele ainda teve tempo de soltar mais uma pérola, antes de descer do ônibus:
– Fico satisfeito de ver uma brasileira fazendo uma leitura interessante, visto que a literatura de seu país é tão fraca. Parabéns.
Dessa vez eu nem mesmo ri. Fiquei calada. Ele desceu, eu segui em frente. Pensei se não deveria ter ficado chateada com os comentários que ele fez sobre a cultura do meu país. Mas depois refleti melhor, e cheguei a conclusão de que deve ser realmente difícil para alguns gringos, do “primeiro mundo” reconhecer que mesmo com tanta confusão, tanta corrupção (muitas delas influenciadas por nossa “genética” italiana) e tantos problemas sociais, a gente ainda consegue ter música e literatura feitas por nós mesmos, de qualidade. Não precisamos ficar presos ao “rock inglês” ou à “literatura europeia”.
Tive pena. Espero que um dia ele consiga voltar para a Itália e ser mais feliz (mesmo que o meu país tenha, aparentemente, o recebido de braços abertos).
Quando meu pai me presenteou com o maravilhoso LP do “A Night at the Opera” e me pediu de volta um texto sobre o que esse álbum significava para mim, eu confesso que fiquei sem reação. Como assim eu teria que explicar o que um dos maiores álbuns do Queen significavam para mim? É praticamente impossível colocar em palavras o poder que a voz de Freddie e os arranjos de sua banda tem no meu emocional, quando começam a tocar.
Queen é, sem sombra de dúvidas, uma de minhas bandas favoritas e “A Night at the Opera” tem um sabor especial para mim. Digo isso porque é praticamente impossível, nos lançamentos de álbuns atuais, encontrar tantos clássicos em apenas um LP: “You’re my best friend”, “Love of My Life” e, é claro “Bohemian Rhapsody“. Essa última música, além de ter mudado a maneira como o mundo via o Queen, mudou também completamente a maneira como eu via o estilo de música que realmente chamava a minha atenção. “Bohemian Rhapsody” é ousada, é bem estruturada, é inovadora (até mesmo para os padrões atuais) e é única. É impossível, portanto, falar de “A Night At The Opera” sem dar todos os méritos do sucesso do álbum para essa canção.
Por isso, posso responder a pergunta do meu pai sobre o que “A Night At The Opera” significa para mim, com uma simples afirmativa: foi esse o LP que me presenteou com minha canção favorita. Obrigada Queen, obrigada Freddie e, principalmente, obrigada pai por permitir que esse seu LP querido faça agora parte da minha coleção também.
Daqui a dois dias eu entro para o time dos trintões e, dentre as várias reflexões e textões sobre a vida que vocês vão ouvir de mim aqui nos próximos dias, eu também separei um tempo para analisar minha relação com algo que amo: a música.
Pensei que nada era mais justo do que revisitar meus 30 anos de vida com a ajuda das canções que marcaram cada ano que vivi junto de família, amigos e muita gente querida. Com a ajuda da lista das músicas mais tocadas anualmente no Brasil desde 1986 a 2015 (valeu Lígia!), separei uma de cada ano, que realmente tenha marcado, de alguma maneira, a minha chegada até aqui.
Essa não é uma lista de músicas inesquecíveis, ou nem mesmo das minhas favoritas (até por isso, quanto mais próximo dos 30 anos eu ia chegando, mais difícil era de escolher uma canção que tenha me marcado), mas sim uma lista que mostra como foi minha relação com as músicas mais populares no meu país. É divertido e recomendo que, algum dia, vocês façam o mesmo.
Compartilho a lista para que possam escutar, ou não, vocês que mandam!
Eu estranhamente tive uma noite ruim nesse último domingo. Algo me incomodava e eu estava acordando com uma certa frequência na madrugada dessa segunda. Podia ser até culpa da minha cachorra que tomava um espaço relativamente grande da minha cama, mas eu sabia que o desconforto era maior do que usual.
Quando despertador tocou as 6:30, coloquei no soneca para tentar dar aquela última cochilada até as 7:00h, mas não consegui me concentrar e logo peguei o celular para me distrair e ver as notícias. Nem abri as tradicionais páginas da UOL ou da Globo.com – preferi ir direto ao Instagram para acordar com algo mais leve. E foi lá mesmo que vi a postagem de uma amiga com a hashtag RIPBOWIE. Esfreguei os olhos para ter certeza do que estava lendo e logo pensei: “mas foi aniversário dele na última sexta-feira! Ele lançou um álbum! Como seria possível?”. Ao abrir um site qualquer de notícias, a confirmação não podia ser mais dolorosa. Sim, Bowie tinha acabado de perder sua batalha contra um câncer, que eu nem sequer sabia que estava o atingindo por quase 18 meses.
Me sinto até um pouco hipócrita de falar o quanto essa notícia me atingiu em cheio nessa segunda-feira cinzenta de São Paulo. Poucos anos atrás eu fui irresponsável e ingrata em dizer que “nem achava David Bowie tão bom assim”. Ainda bem que tive tempo de me redimir e conhecer muito sobre seu talento e sua música antes da chegada desse fatídico 11 de janeiro.
Bowie podia ser o que era: polêmico, esquisito porém discreto em assuntos pessoais. Mas se tinha uma coisa que ele sabia era ser único como ninguém – tanto em sua maneira de se vestir e comportar, como nas suas atuações em na tela do cinema e, principalmente, em suas canções. Tenho duas músicas de Bowie como umas de minhas favoritas para toda a vida e elas me marcaram principalmente porque estão em cenas de filmes que também são dos meus favoritos:
A primeira “Heroes” (que é uma das letras mais impactantes que já ouvi) já era familiar para mim, mas me marcou mais após o clássico juvenil “As vantagens de ser invisível”. Emma Watson faz uma cena linda com o corpo do lado de fora do teto solar de um carro, enquanto Heroes toca ao fundo. Chorei quando vi e choraria ainda mais hoje se assistisse novamente.
A segunda é “Modern Love”, que toca na maravilhosa cena de “Frances Ha”, quando a atriz Greta Gerwig sai pulando e dançando pelas ruas de Nova York, curtindo suas esquisitices e o prazer de poder ser ela mesma naquele momento. É impossível se conter na cadeira ao assistir esse take.
Eu poderia ficar aqui horas falando do quanto outras músicas menos populares de Bowie também tem um significado importante e que caberiam muito bem em vários anos de minha vida, porém eu acho que as duas explicações acima bastam. Não quero me estender porque acho que hoje o dia é de luto – e de sentir esse luto. Poucas mortes de pessoas públicas me abalaram tanto quanto essa. Acho que eu não sabia que me identificava tanto assim com você, Bowie.
A charmosa banda de Brittant Howard e companhia voltou, para a nossa alegria, depois de um hiato de quase dois anos, com um maravilhoso álbum para o ano de 2015. Sound & Color é a prova de que a banda americana do estado de Alabama evoluiu bastante seu estilo e sua técnica musical desde o seu primeiro lançamento (o delicioso Boys & Girls). Em Sound & Color as canções são mais bem trabalhadas, mais sexys e mais ousadas, explorando bem do talento de Brittany, e da capacidade de seus companheiros em moldar suas experiências vocais.
A mistura de sons promovida em Sound & Color remete o melhor dos anos 80 (como nas canções Shoegaze e Guess Who, que poderia, facilmente, ter sido gravada por Style Council), mas também mostra fortes influências do puro blues (como escutamos na bela Miss You, que ficaria ótima na voz de Mick Jagger), do jazz (na doce Geminii) e do soul e R&B, que é o ponto forte da vocalista (bem representada nas excelentes I Don’t Wanna Fight e na música de lançamento Sound & Color). O rock, que é vendido como o carro chefe da banda, fica por conta da canção The Greatest.
Assim, com tantas referências, deveria ser fácil se perder ao escutar a nova empreitada dos Shakes, porém a mistura é cozida com grande competência, num caldeirão rítmico, com o tempero correto. Esse é o grande mérito da ousadia e criatividade do grupo.
Apesar da canção mais tocada nas rádios ser a que carrega o nome do álbum, o último lançamento do Alabama Shakes é uma coletânea de músicas que deve ser escutada em conjunto, já que todas se completam nas suas particularidades e mostram a força de uma banda que saiu das margens do cenário Indie para mostrar sua força entre os grandes artistas do rock atual. Vale muito a pena perder algumas horas do dia com esses ousados garotos americanos.
Para ilustrar o texto deixamos vocês com Future People, uma das canções que prova a capacidade do grupo em mesclar vários estilos e criar o seu próprio.
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E você? Gostou do lançamento do Alabama Shakes? Queremos ouvir sua opinião!
O Vitrola nunca perde um bom show, seja ele de Rock, Pop ou MPB. Na quinta-feira passada estivemos na 1ª apresentação solo do Queens of The Stone Age em São Paulo, que aconteceu no Espaço das Américas.
A casa cheia, o calor insuportável (o Espaço é grande, mas fechado), o ar condicionado incompetente e os telões desligados (para o desespero de baixinhos e baixinhas como eu) não impediram Josh Homme e sua turma de entregar talvez um dos melhores shows de rock da atualidade.
O talento do QOTSA foi, por muito tempo, ignorado pelas grandes mídias (como ocorre com muitos bons artistas e bandas sem apoio de grandes gravadoreas), já que o grupo californiano está na estrada desde 1996. Sua primeira aparição no Brasil, lá no Rock in Rio de 2001, só chamou a atenção porque o baixista Nick Oliveri resolveu subir ao palco com somente o instrumento musical escondendo sua região genital. Depois disto o QOTSA explodiu em nossos ouvidos (e me incluo nesta turma) com o hit “No One Knows”, com a participação do vocalista do Foo Fighters (e ex-baterista do Nirvana), Dave Grohl, assumindo o som raivoso de sua bateria. A partir dai a banda vem encarando uma crescente e consistente decolada na sua carreira, lançando álbuns que mostram que, apesar de todas as previsões, o rock ainda não morreu. Pelo menos não se depender de Josh e o QOTSA. A energia e a paixão que o vocalista e sua banda carregam pelo rock ficou clara aos olhos de quem compareceu ao Espaço das Américas no dia 25 de setembro de 2014. Fãs hipnotizados cantavam, aos plenos pulmões, todos os clássicos de todos os álbuns da banda. Para quem foi conhecer um pouco do trabalho dos caras, o espanto era nítido com tamanha conexão com a plateia: “A galera é frenética com eles mesmo né?”, disse uma das pessoas que estava ao meu lado. A minha vontade foi de responder: “Amigo, você não sabia o que estava perdendo até hoje”.
Confesso que não consegui ver o cabelo ruivo de Josh Homme, ou os solos estridentes de bateria de Jon Theodore, nem mesmo quando eu resolvia saltar junto com os milhares de fãs que estavam tão em transe quanto eu. O negócio é que eu não precisei disto para sentir que estava tendo o prazer de ouvir, a poucos metros de mim, a melhor banda de rock da atualidade. Dentre todos os grandes sucessos que foram tocados, como as clássicas “No One Knows”, “Make It Wit Chu”, “Feel Good Hit Of The Summer” (que encabeçou um coro insano de seu refrão), “Little Sister”, “Mexicola” (que foi tocada a pedido dos fãs) e “Sick Sick Sick”, a música que foi o destaque do meu show foi a belíssima “The Vampyre Of Time And Memory”: sem dúvidas a mais bela balada de rock já feita desde a morte do grunge, lá nos anos 90.
Consegui tirar três belas lições da minha experiência ao ver o show solo do QOTSA na última quinta-feira:
1- Josh e sua turma são a maior banda de Rock da atualidade. O rock ali é de verdade, agressivo, suave, melódico, sexy, dançante e tudo isso ao mesmo tempo.
2- O Espaço das Américas precisa rever a força de seu ar-condicionado (e as regras sobre ligar ou desligar o telão).
3- Não conseguir ver o palco não é uma condição definitiva para curtir o show ou não. Josh me mostrou que era possível ser cega e ainda sentir toda a vibe deixada por ele ali.
Que o Queens Of The Stone Age volte rápido para outro show, e se você perdeu essa oportunidade não seja distraído o suficiente para deixar passar esta chance novamente.
O setlist: You Think I Ain’t Worth a Dollar, but I Feel Like a Millionaire No One Knows My God Is the Sun Smooth Sailing Monsters in the Parasol I’m Designer I Sat by the Ocean …Like Clockwork Feel Good Hit of the Summer (with “Never Let Me Down Again”… more) The Lost Art of Keeping a Secret If I Had a Tail Little Sister Fairweather Friends Make It Wit Chu I Appear Missing Sick, Sick, Sick Mexicola Go With the Flow Bis The Vampyre of Time and Memory Do It Again A Song for the Dead
Ninguém é mais discriminado no mundo da música que as boybands. Ouvir estes grupos formados por belos garotos, com recursos vocais limitados e, geralmente, bizarras habilidades para a dança, pode ser considerado muito pior do que ser um admirador de axé, sertanejo ou pagode. Mas, por trás de tanta injustiça, é possível encontrar talentos escondidos e, por incrível que pareça, belas composições.
Não podemos esquecer que as boybands não surgiram no final da década de 80 e meados dos anos 90, já que suas origens vem de um grupinho de garotos bem conhecidos no mundo musical: os Beatles. Depois dos garotos de Liverpool, passamos por muitas outras boybands que também receberam respeito da crítica, como Bee Gees, Jackson 5 e Beach Boys, mas neste post vamos dar destaque para as canções daquelas que carregam o estigma citado na primeira frase deste parágrafo. Nosso TOP TOP dessa semana tem como objetivo listar as cinco melhores canções de boybands de todos os tempos, para mostrar para vocês que nem só de rostinhos bonitos vivem estes grupos.
5 – Back For Good – Take That
O Take That é um dos primórdios das boybands da década de 90. Os britânicos de Manchester (coincidentemente ao lado de Liverpool) arrasaram corações de adolescentes com seu sotaque e seus rostinhos de meninos. Dizem por ai que seu único mérito foi ter revelado para o mundo o talento do chatíssimo Robbie Williams, mas muitos se esquecem da belíssima gravação de “Back For Good“, que arrebentou as paradas da Billboard em todo o mundo. Muito mais do que uma bela canção chiclete, “Back For Good” é lembrada por dar origem aos clipes de boybands com belas fotografias e enredo dramático. Um clássico.
4 – Slam Dunk (Da Funk) – Five
Os ingleses são realmente abençoados quando o assunto é música, não só nos indiscutíveis talentos do rock, mas também na produção destes guilty pleasures que são as boybands. Five, grupo que surgiu em 1997, em meio ao boom das boybands, conseguiu certo sucesso até o ano de 2001, mas nada que chegasse a altura de grupos como Backstreet Boys e N’Sync. Esta é uma injustiça histórica, porque poucos produtores musicais ousaram tanto quanto os de Five, fazendo uma interessante mistura de street music, dance music e baladas pop. “Slam Dunk (Da Funk)” se encontra nesta lista por ser o exemplo perfeito deste mix, e por conseguir ter seu lugar em uma boa balada alternativa.
3 – “Gone” – N’Sync
O N’Sync foi um dos grandes personagens musicais da década de 90, sendo protagonista de uma disputa quase que pessoal com os Backstreet Boys, até meados dos anos 2000. Disputa que, para a infelicidade do quinteto encabeçado por Justin Timberlake, quase sempre era vencida pelo grupo de Brian e companhia, que dispunham de melhores composições, melhores dançarinos e melhores talentos vocais. Mas N’Sync tinha Justin, e o rei do Pop dos anos 2000 vinha mostrando seus pequenos lampejos de talento em meio às fracas composições de seus colegas. “Gone” é uma das mais belas canções de amor já escritas por Timberlake, que vem acompanhada de um belo clipe em preto e branco.
2 – “Where’s The Love” – Hanson
Quando falamos de Hanson, todos se lembram daqueles três molequinhos loiros que estouraram com “MMMBop” e que logo foram ofuscados por boybands com mais apelo sensual. Pois não podemos esquecer que os irmãos Hanson eram mais do que intérpretes de baladinhas pop, já que compunham suas próprias canções e tocavam seus próprios instrumentos, diferente dos outros grupos que só tinham o talento de cantar e dançar ao mesmo tempo. “Where’s The Love” é uma balada como poucas produzidas atualmente, que mistura características marcantes dos anos 90 (uma batida dançante) com guitarras, baterias e os agudos de Taylor Hanson.
1 – “That’s What She Said” – Backstreet Boys
O primeiro lugar não poderia ficar com ninguém além destes cinco garotos. Os Backstreet Boys foram um sucesso estrondoso na década de 90 e são lembrados, até hoje, como a imagem perfeita de uma boyband de sucesso, superando Take That, Os Menudos e New Kids On The Block. O segredo do grupo eram os verdadeiros talentos vocais encontrados por seus produtores, já que todos os garotos (com a exceção de Kevin, que era um mero figurante bonitão) mostravam intimidade e aptidão para a música. Eu poderia listar aqui qualquer um de seus clássicos para figurar como número um do nosso TOP TOP, como “As Long As You Love Me” ou “Quit Playing Games (With My Heart)“, mas resolvi dar destaque a um lado B que recebe pouco crédito em outras listas espalhadas pela internet. “That’s What She Said” é uma balada romântica de Brian Littrell (a voz do grupo junto com Nick e AJ) que merece atenção pela bela letra e por sua melodia bem trabalhada e adequadamente melosa. É, sem sombra de dúvidas, uma das obras primas do grupo. Por ser um lado B, não tem clipe, não tem divulgação, não tem nada, o que a torna ainda mais especial. Se você ainda tem dúvidas, procure por sua versão acústica e faça sua avaliação. Vou disponibilizar a versão de estúdio para uma simples padronização da lista.
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Esta é a nossa lista. Queremos saber de você leitor qual é a sua lista de melhores canções de boybands da década de 80 e 90. Conta pra gente!
Quando falamos que Minas é um dos grandes centros de produção de música brasileira, não estamos só falando de Clube da Esquina, Skank ou Pato Fu. Minas Gerais, até hoje, é um dos estados que mais valoriza a música nacional, especialmente no circuito alternativo. Por este motivo estamos sempre escutando coisas novas, conhecendo novidades e se inspirando na nossa própria cultura.
Conhecemos recentemente um grupo chamado Zéducaco. Originários de Nepomuceno, interior de Minas Gerais, a banda vem mostrando um ritmo que nunca ouvimos falar antes: o tal do Rock Rural. Mas o que é isto? “Nas letras das músicas falamos sobre folia de reis e usamos elementos do maracatu para criar nossos ritmos“, diz Dhionatan Victor Militani, o guitarrista da banda.
A banda e o homenageado, ao centro
Pois bem, o Zéducaco é formado por Wesley Militani, Dhionatan Militani, Thiago Militani e Sânio Campomori, que compartilham, além do mesmo sobrenome, a vontade de valorizar a cultura regional através do Rock. Com isto, junto com a guitarra, violão, bateria e contrabaixo, podemos escutar também um pouco de viola caipira e variados instrumentos do Maracatu, ritmo original do estado de Pernambuco. Mas de onde vem esse nome? “Queriamos homenagear nosso tio Zé e nosso avô Caco. Nosso avô fez parte da Folia de Reis em Nepomuceno, no sul de Minas Gerais, e quando faleceu, em 2001, nosso tio deu continuidade a tradição“, afirma o guitarrista. Folia de Reis, para quem não sabe, é uma festa muito comum em cidades interioranas de Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo, que celebra, através de grupos musicais típicos, a data da chegada dos Reis Magos ao local onde nasceu Jesus Cristo.
Com muito respeito e influência da cultura local, a Zéducaco vem trilhando seu caminho pelo ramo independente, carregando consigo a marca do Rock Rural. Suas letras discutem regionalidades e até situações atuais, como na interessante música “Blues do Imposto“. Mas como qualquer banda sem o apoio de grandes empresários ou gravadoras, a gravação de seu primeiro álbum será também feita de maneira independente. Ainda faltam três músicas para gravar o álbum completo: “É muito caro fazer tudo de uma vez“, afirma Militani, “Mas queremos finalizar assim mesmo, independente“.
Para quem quer conhecer o trabalho dos meninos, vale escutar alguns singles lançados na internet através do link da banda Zéducaco. Recomendo escutar “Filosofia de Buteco“, “Em Outros Braços” e “Dia de Reis” (que mostra direitinho o que é esse tal de Rock Rural). E assim que o álbum sair a gente divulga por aqui!
Confesso que ir ao teatro nunca foi o meu forte (sim, sou daquelas que prefere assistir a uma boa série de TV, ou ler um bom livro, ou ir a um bom show do que ver uma peça), mas musicais são das poucas coisas que realmente me chamam a atenção. Eu me lembro direitinho da primeira vez que fui a Broadway, lá em 2009, no auge dos meus 23 anos, e fiquei embasbacada com toda a produção musical e de figurino, e com a qualidade e técnica dos atores/dançarinos/músicos. Já falei inclusive aqui no blog sobre a minha admiração pelo musical Chicago, e pensei que seria uma pena não ver nada de tanta qualidade no meu país. Mas que bom que a vida serve para nos enganar, não é mesmo?
Eu já tinha ficado impressionada com a qualidade do musical da Família Addams, que fui no ano de 2012, aqui mesmo em São Paulo. As coreografias bem executadas, as letras bem traduzidas, foi realmente divertido, mas ainda pensei que a boa apresentação era mérito da peça ser uma mera franquia da versão americana: “Eles não devem deixar o nível cair“, eu pensei. E errei de novo.
Quando decidi ir ao musical dedicado a Elis Regina, com texto de Nelson Motta e direção de Dennis Carvalho, eu confesso novamente que foi mais porque, logo após a morte de Jair Rodrigues, a Rede Globo mostrou algumas cenas da peça e atiçou minha curiosidade. Não foi nada programado. Foi algo como: vi-desejei-comprei. E, como fui sem expectativas, me surpreendi novamente. Apesar do Teatro Alfa não ser lá essas coisas (e eu ter minha visão completamente prejudicada pelo local em que consegui ingressos de última hora), o espetáculo não foi pior por nada disso. “Elis, a musical” é um show de cores, figurinos fieis e bem pensados, coreografias belas e criativas e vozes surpreendentes. Eu sempre gostei de Elis Regina, mas nunca fui uma fã incondicional, e conhecer detalhes íntimos da sua história que não acompanhei (especialmente porque ela morreu quatro anos antes de eu nascer) só me fez gostar ainda mais do que eu já sabia. Entender sua briga com o cartunista Henfil, seu caótico casamento com Ronaldo Bôscoli, sua admiração por Milton Nascimento e sua proximidade com a esquerda política no país (com direito a uma cutucada na plateia, provavelmente, anti-PT, ao deixar claro que Elis admirava as ideologias de Lula e do partido, que -pasmem- ela se afiliou em 1981) foi especial não só para mim (que pouco conhecia destes bastidores), mas para uma grande parte da plateia que conhecia somente a Elis cantora. A cena final, com uma delicada menção a sua morte e uma interpretação emocionada de “Aos Nossos Filhos”, encheu os meus olhos de lágrimas e muitos corações de saudade.
Quero parabenizar também a qualidade dos atores em palco. Vivemos uma época no Brasil em que a leva jovem de atores da TV só quer fazer TV, e viram estes robozinhos que estamos acostumados a ver nas novelas globais (sim, Caio Castro, estou falando com você). Eu já estava desacreditada em achar talentos por ai, mas eu devo aplaudir o que vi ontem em palco. Com certeza, grande parte do elenco não tinha mais do que 40 anos (com exceção de Tuca Andrada, que tem 48) e sobrava vontade e talento. Mas dois me surpreenderam de maneira impressionante: Lilian Menezes (a suplente de Laila Garin, que interpreta Elis) e Ícaro Siva (intérprete de Jair Rodrigues e outros personagens avulsos). A intérprete suplente de Elis Regina não deixou a desejar em nada (absolutamente nada) ao representar o papel mais importante da trama. Os trejeitos, a voz irônica e o excesso de palavrões eram tão similares aos de Elis que, em alguns momentos, dava nervoso de vê-la no palco: parecia a pimentinha mesmo. Na hora de cantar os clássicos de uma das melhores cantoras do país, Lilian deu outro show e não decepcionou. Quanto a Ícaro, a surpresa ficou mais pelo talento desconhecido do que qualquer outra coisa. O menino, que originou da duvidosa fábrica de talentos da Globo, a novelinha Malhação, esbanjou vontade e voz ao interpretar Jair e compor o grupo de atores e dançarinos em outras cenas – mereceu meu aplauso.
Quanto ao musical, penso que agora podemos falar do quanto estamos prontos para fazer deste ramo algo tão nosso quanto a Broadway é de Nova York: o que não falta para o brasileiro é talento. Nós somos atrasados em muitas coisas, temos problemas políticos e sociais, mas somos um povo extremamente criativo e talentoso, e não há dúvidas quanto a isso. A prova é que temos novelas tão fortes que são reprisadas em vários países de língua portuguesa, música tão eclética e rica que muitos gêneros são conhecidos e admirados em qualquer canto do mundo, e características culturais tão diversificadas que nos fazem ser esta maravilha e este desleixo que sabemos ser. Esta misturada toda que é o Brasil cai muito bem em um musical, afinal, existe alguém que entende mais de cantar e dançar do que nós? E contar história a gente conta muito bem, basta querer. O musical de Nelson Motta sobre Elis só me convenceu de que temos talento de sobra para fazer estes e muitos outros espetáculos de qualidade, aqui e fora do país. Quem sabe um dia, em um futuro bem distante, alguma peça nossa não concorre a um Tony Awards? Basta querer.