Depois de um looooongo periodo de ferias, estamos de volta a pedidos dos fans da coluna!
E agora mais que nunca, como quem vos escreve esta fazendo uma matéria na faculdade que chama Ornitologia (estudo das aves, e nao dos ornitorrincos!), vamos falar muito de aves e musica!
Entao eu nao podia estrear o ano de 2011 senao falando de uma das aves que vi outra dia e eh protagonista de uma musica que eu gosto muito, a Asa Branca.
A Asa Branca, tambem conhecida como Pombao, eh uma especie de pombo, da ordem dos Columbiformes e da familia Columbidae, chamada Patagioneas picazuro. Possui um padrao de coloracao muito bonito, variando entre tons de roxo, marrom e cinza, e com a sua marca registrada, faixas brancas em suas asas.
Uma espécie típica da caatinga, acabou por invadir o sudeste por conta do grande desmatamento desta região. Atualmente habita campos com arvores, caatinga, cerrados e principalmente areas urbanas.
Bom, agora falando um pouco da musica em si…
Ao analisar a letra da musica, pude perceber que ele fala de um habito tipico dessa especie. A Asa Branca eh uma ave migratoria, como todos os pombos, porem que acompanha o desmatamento dos locais onde habita. Na musica, Luis Gonzaga fala que a seca era tamanha na sua cidade que ate mesmo a Asa Branca, que vai atras de areas desmatadas e secas, bateu asas do sertao.
Bacana ne? Entao agora deixo voces curtindo a musica e essa ave que a gente ve tanto e nem repara!
É engraçado como a gente não repara a biologia em certas músicas!
Há muitos anos atrás, minha amiga Silvia me cutucou no meio de uma aula de biologia e falou o seguinte:
“Gabi…você conhece a música da fotossíntese?”
Eu, sem ter idéia de que música ela estava se referindo, falei:
“Não…conheço não… qual?”
“Aquela do Caetano Veloso… Luz do sol!”
Agora a gente para pra pensar…é verdade! Tem tudo a ver! A música fala assim:
“Luz do sol,
Que a folha traga e traduz,
Em verde novo…
Em folha, em graça, em vida, em força, em luz…”
Bom, como todo mundo sabe (creio eu), a fotossíntese é o processo biológico em que a energia luminosa (luz do sol) é transformada (traga e traduz) em energia química (verde novo), pelo processamente do CO2, tranformando-o em O2 e composto orgânicos que servem de alimento para os seres capazes de realizar esse processo!
Mas ai eu andei reparando no resto dessa música e a estrofe seguinte também tem um lado científico, na verdade é mais físico do que biológico, mas vamos lá:
“Céu azul,
Que vem até onde os pés
Tocam na terra,
E a terra inspira e exala os seus azuis…”
Não sei se todo mundo sabe disso, mas o céu é azul pela maneira como os raios de luz vindos do sol interagem com a atmosfera! Os gases da atmosfera “quebram” a luz branca em várias frequências (cores) diferentes, funcionando como um prisma… O negócio é que a frequência da luz azul é mais próxima da frequência dos átomos do que as outras cores, por isso ela é refletida em todas as direções em maior quantidade pelos átomos presentes nos gases da atmosfera, por isso o céu é predominantemente azul durante o dia!
Que isso hem Caê? Quem diria que sua música teria tantos fatos científicos por trás!
Que tal curtir um pouquinho dessa música deliciosa?
O post de hoje é de novo em homenagem a minha irmãzinha que tá doida pra saber o que é o krill, conhecido bastante como comida das orcas!
Bom, o Krill é o nome coletivo dado a um conjunto de invertebrados muito semelhantes ao camarão! É um crustáceo que pertence a ordem dos Euphausiacea, e por isso são também chamados de eufasídeos. O nome krill é de origem norueguesa, que quer dizer peixe acabado de nascer.
O Krill está presente em todos oceanos do planeta, constituindo umas das espécies-chaves próxima da base da cadeia alimentar mais importantes, porque se alimentam do fitoplâncton e do zooplâncton e convertem esta fonte de alimento em uma forma que pode ser consumida por animais de dimensões maiores, como baleias, focas, pinguins, lulas e peixes. No Oceano Antártico, uma espécie, o krill antártico , perfaz uma biomassa superior a 500 milhões de toneladas, aproximadamente o dobro da biomassa constituída pela totalidade dos seres humanos.
Muito do krill pescado é utilizado na aquicultura e como alimento para peixes de aquários, como isca na pesca desportiva ou, ainda, na indústria farmacêutica. No Japão e na Rússia, o krill é também usado para o consumo humano, sendo conhecido no Japão como okiami .
O krill apresenta um sabor mais forte que o do camarão. Para o consumo em massa e para elaboração de produtos preparados industrialmente, o krill tem que ser descascado, pois, os exoesqueletos contêm fluoretos, que são tóxicos em concentrações elevadas e a ingestão excessiva pode causar diarréia.
Bom, agora vocês devem estar imaginando: “Mas que raio de música que fala sobre krill??”… Na verdade é uma música que eu curto muuuito que chama Diariamente do Nando Reis.
Essa música não fala específicamente do krill… Ela fala diversas “soluções” para diversos “problemas”… Um deles: para comida das orcas, krill!
Então vou postar agora a letra e a música cantada pela Marisa Monte para vocês curtirem um poquinho!
“Para calar a boca: rícino
Pra lavar a roupa: omo
Para viagem longa: jato
Para difíceis contas: calculadora
Para o pneu na lona: jacaré
Para a pantalona: nesga
Para pular a onda: litoral
Para lápis ter ponta: apontador
Para o Pará e o Amazonas: látex
Para parar na Pamplona: Assis
Para trazer à tona: homem-rã
Para a melhor azeitona: Ibéria
Para o presente da noiva: marzipã
Para Adidas, o Conga: nacional
Para o outono, a folha: exclusão
Para embaixo da sombra: guarda-sol
Para todas as coisas: dicionário
Para que fiquem prontas: paciência
Para dormir a fronha: madrigal
Para brincar na gangorra: dois
Para fazer uma toca: bobs
Para beber uma coca: drops
Para ferver uma sopa: graus
Para a luz lá na roça: duzentos e vinte volts
Para vigias em ronda: café
Para limpar a lousa: apagador
Para o beijo da moça: paladar
Para uma voz muito rouca: hortelã
Para a cor roxa: ataúde
Para a galocha: Verlon
Para ser “mother”: melancia
Para abrir a rosa: temporada
Para aumentar a vitrola: sábado
Para a cama de mola: hóspede
Para trancar bem a porta: cadeado
Para que serve a calota: Volkswagen
Para quem não acorda: balde
Para a letra torta: pauta
Para parecer mais nova: Avon
Para os dias de prova: amnésia
Para estourar pipoca: barulho
Para quem se afoga: isopor
Para levar na escola: condução
Para os dias de folga: namorado
Para o automóvel que capota: guincho
Para fechar uma aposta: paraninfo
Para quem se comporta: brinde
Para a mulher que aborta: repouso
Para saber a resposta: vide-o-verso
Para escolher a compota: Jundiaí
Para a menina que engorda: hipofagin Para a comida das orcas: krill
Para o telefone que toca
Para a água lá na poça
Para a mesa que vai ser posta
Para você, o que você gosta:
Diariamente.”
Quem diria que existe tanta música relacionada com biologia… Né pai?
Hoje vamos falar de outra ave (acho que estou empolgada pra fazer ornitologia semestre que vem!!), o Carcará.
O carcará, por vezes chamado de carancho e caracará, é um falconídeo. Seu nome científico é Polyborus plancus ou Caracara cheriway. É tido como ave tipicamente brasileira, no entanto, possui uma distribuição geográfica ampla, que vai da Argentina até o sul dos Estados Unidos, ocupando toda uma variedade de ecossistemas, fora a cordilheira dos Andes. É facilmente reconhecível quando pousado, pelo fato de possuir uma espécie de solidéu preto sobre a cabeça, assim como um bico adunco e alto, que assemelha-se à lâmina de um cutelo; a face é vermelha. É recoberto de preto na parte superior e possui o peito de uma combinação de marrom claro com riscas pretas, de tipo carijó/pedrês; patas compridas e de cor amarela; em voo, assemelha-se a um urubu, mas é reconhecível por duas manchas de cor clara na extremidade das asas.
O carcará não é, taxonomicamente, uma águia, e sim um parente distante dos falcões. Diferentemente destes, no entanto, não é um predador especializado, e sim um generalista e oportunista, alimentando-se de insetos, anfíbios, roedores e quaisquer outras presas fáceis e acompanha os urubus em busca de carniça. Passa muito tempo no chão, ajudado pelas suas longas patas adaptadas à marcha, mas é também um excelente voador e planador.
É uma ave tão característica que possui uma série de lendas, símbolos e, claro, músicas com seu nome!
Entre as lendas, a mais comum são as contadas por sertenejos cearenses de que levam galhos em brasas a fim de promover as queimaduras nas lavouras.
Já simbolicamente, o carcará é considerado por certos índios como símbolo de mau agouro, poder e persistência. No folclore brasileiro é símbolo de tristeza, atrevimento e maldade. É também conhecida por seu destemor, agudeza de visão, longo raio de ação e controle do território onde habita e por isso se tornou o símbolo da Agência Brasileira de Inteligência.
Mas, para muitos, é uma imagem de resistência, perseverança e crueldade, em função de se manter firme durante os períodos de seca, alimentando-se das carcaças e da desgraça do nordestino. E dai surgiu uma das músicas mais famosas que carrega o nome do carcará, composta por Jõao Vale e cantada por diversos artistas maravilhosos da nossa música como Caetano Veloso, Maria Bethânia, Zé Ramalho, Elis Regina, entre outros… Mas deixo com vocês a versão do meu querido Chico Buarque junto com o próprio autor da música:
Além dessa música, outra que é menos conhecida mas que eu gosto muito é de um cantor chamado Arleno Farias, que eu já tive o grande privilégio de assistir a um show exclusivo em um luau do Pé Descalço em Dunas de Itaúnas.
Aliás, dunas é um lugar que me lembra muito o carcará pois foi a primeira vez que avistei um tão perto de mim e reparei uma coisa um tanto impressionante: o carcará quando canta joga a cabeça para trás virando quase que 90º!!!
(o video não é tão bom, mas acho que da pra ver ele virando o pescoço pra trás!)
Impressionante não?
“Se você se identificou
Com o pássaro carnívoro e impiedoso
Aproveite que suas ações não são instintivas
Você tem um cérebro e pode buscar a paz
Daqui pra frente”
Bem… Essa nova edição do nosso Música e Biologia é em homenagem a minha irmãzinha querida que tá doida pra saber mais sobre o Pássaro Preto.
Como nosso blog anda em clima de Beatles (principalmente desde o show do Paul), vim contar um pouquinho pra vocês sobre o protagonista de uma das músicas mais bonitas (e com certeza das mais emocionantes na hora do show do Paul) dos Beatles, Black Bird!
Bom, o Black Bird, vulgo Pássaro Preto mas também bem conhecido como Graúna, é uma ave da ordem dos Passeriformes! É inteiro negro incluindo pernas, bico, olhos e penas, daí um de seus nomes populares pássaro preto!
Muito sociável e companheiro, o Pássaro Preto é uma ave nativa muito conhecida no país, afinal encontram-se distribuídos por todo o território brasileiro, principalmente em cerrados e matas! São capazes de aprender truques e reconhecer os membros da família, aceitando carinhos e respondendo a chamados com seu belo canto!
Falando em belo canto, trata-se de um pássaro de voz mais melodiosa desse país, talvez por isso seja retratado em tantas canções! Além de Black Bird, um forró chamado Pássaro Preto do Forróçacana e Assum Preto (outro de seus apelidos) de Luiz Gonzaga são outras músicas muito conhecidas!
Então vou deixar os vídeos do canto do pássaro preto e das três músicas listadas para vocês curtirem esse som gostoso!
Depois do comentário do nosso amigo André Winter, resolvi escrever de novo sobre música e biologia para falar um pouco do nosso bichinho bonito e verdinho chamado Espirogiro ou Spyrogyra!
Na verdade, Spyrogyra não é um bichinho (apesar de ser bonito e verdinho)! Assim como o próprio Jorge Ben explica na música, Spirogyra (pronuncia-se espirógira) é um gênero de algas verdes planctônicas da ordem Zygnematales, que possuem como principal característica os seus cloroplastos em forma de espiral ao longo de suas células, por isso é chamada de Spirogyra!
As spirogyras são normalmente vistas como grandes massas brilhosas e esverdeadas (como a cor da esperança) na superfície de lagos principalmente, afinal o espirogiro é doce doce doce, de água doce!
Bom, partindo para as críticas biológicas da música (claro, não podia faltar!): 1º- Como eu já disse, spirogyra não é um bichinho; 2º- um plâncton não é necessariamente uma alga, existem zooplânctons!!!; 3º- não existe um zigoto masculino, o zigoto é formado depois da união de um gameta masculino com um feminino!
Apesar desses erros graves, essa é um música que eu particularmente ADORO e é a música tema da minha sala, que inclusive deu nome ao time de futsal da sala, os Spyrocudos!
Vale a pena escutar, se divertir e rir das maluquices que ele fala:
Quem disse que música e biologia não tem nada a ver?
Eu, como uma boa aspirante a bióloga, recentemente ando pensando muito sobre isso e descubro cada vez mais que música e biologia estão intimamente relacionados!
Quando minha irmã me chamou para escrever aqui, eu logo pensei “sobre o que eu iria escrever???”… Ai ela mesma virou e falou: “Por que você não escreve sobre música e biologia?”…. Na mesma hora lembrei de uma palestra que eu vi no I Encontro de Parasitologia da UFMG do prof. Henrique Lenzi entitulada: “Coabitologia: emergência de um novo sistema complexo entre habitante (simbionte/parasito) e entidade habitável (hospedeiro): visão de Gaia versus Medéia”.
Vocês devem estar pensando: “O que raios isso tem a ver com música meu Deus???”… Calma! Eu já vou explicar!!
Bom, coabitologia é um termo que o prof.Lenzi propõe para substituir o termo parasitologia, pois estudar um parasito isoladamente, sem estudar o seu hospedeiro e o ambiente em que vivem, é totalmente sem sentido! Tudo está interligado e todos eles interagem entre si! Então, para exemplificar a sua teoria, logo no começo da palestra ele coloca o vídeo de um ato de ballet que eu particularmente ADORO, o Don Quixote, mostrando a interação de parasito, hospedeiro e ambiente harmonicamente, sendo: o bailarino o parasito, a bailarina o hospedeiro e a música clássica o ambiente!
Vejam o vídeo abaixo, prestem atenção por esse ponto de vista e vejam como faz o maior sentido! (eu sei que o vídeo é gigantesco, mas vale a pena assistir pelo menos um pedacinho! Na verdade o exemplo só vai até o 5ºmin do vídeo, o resto são agradecimentos e os outros pas de deux individuais!)
Achei o exemplo dele brilhante, ai resolvi compartilhar com as pessoas pra tentar introduzir uma pitada de biologia para as suas vidas!