Eu estranhamente tive uma noite ruim nesse último domingo. Algo me incomodava e eu estava acordando com uma certa frequência na madrugada dessa segunda. Podia ser até culpa da minha cachorra que tomava um espaço relativamente grande da minha cama, mas eu sabia que o desconforto era maior do que usual.
Quando despertador tocou as 6:30, coloquei no soneca para tentar dar aquela última cochilada até as 7:00h, mas não consegui me concentrar e logo peguei o celular para me distrair e ver as notícias. Nem abri as tradicionais páginas da UOL ou da Globo.com – preferi ir direto ao Instagram para acordar com algo mais leve. E foi lá mesmo que vi a postagem de uma amiga com a hashtag RIPBOWIE. Esfreguei os olhos para ter certeza do que estava lendo e logo pensei: “mas foi aniversário dele na última sexta-feira! Ele lançou um álbum! Como seria possível?”. Ao abrir um site qualquer de notícias, a confirmação não podia ser mais dolorosa. Sim, Bowie tinha acabado de perder sua batalha contra um câncer, que eu nem sequer sabia que estava o atingindo por quase 18 meses.
Me sinto até um pouco hipócrita de falar o quanto essa notícia me atingiu em cheio nessa segunda-feira cinzenta de São Paulo. Poucos anos atrás eu fui irresponsável e ingrata em dizer que “nem achava David Bowie tão bom assim”. Ainda bem que tive tempo de me redimir e conhecer muito sobre seu talento e sua música antes da chegada desse fatídico 11 de janeiro.
Bowie podia ser o que era: polêmico, esquisito porém discreto em assuntos pessoais. Mas se tinha uma coisa que ele sabia era ser único como ninguém – tanto em sua maneira de se vestir e comportar, como nas suas atuações em na tela do cinema e, principalmente, em suas canções. Tenho duas músicas de Bowie como umas de minhas favoritas para toda a vida e elas me marcaram principalmente porque estão em cenas de filmes que também são dos meus favoritos:
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A primeira “Heroes” (que é uma das letras mais impactantes que já ouvi) já era familiar para mim, mas me marcou mais após o clássico juvenil “As vantagens de ser invisível”. Emma Watson faz uma cena linda com o corpo do lado de fora do teto solar de um carro, enquanto Heroes toca ao fundo. Chorei quando vi e choraria ainda mais hoje se assistisse novamente.
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A segunda é “Modern Love”, que toca na maravilhosa cena de “Frances Ha”, quando a atriz Greta Gerwig sai pulando e dançando pelas ruas de Nova York, curtindo suas esquisitices e o prazer de poder ser ela mesma naquele momento. É impossível se conter na cadeira ao assistir esse take.
Eu poderia ficar aqui horas falando do quanto outras músicas menos populares de Bowie também tem um significado importante e que caberiam muito bem em vários anos de minha vida, porém eu acho que as duas explicações acima bastam. Não quero me estender porque acho que hoje o dia é de luto – e de sentir esse luto. Poucas mortes de pessoas públicas me abalaram tanto quanto essa. Acho que eu não sabia que me identificava tanto assim com você, Bowie.
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