Finalmente terminando a lista das maiores vozes brasileiras.
10 – Milton Nascimento
Milton do Nascimento (Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1942)
Texto da Rolling Stone:“Milton é um dos principais artistas da música brasileira. Ele sintetiza, na inovadora assinatura musical dele, uma série de habilidades. Tem voz linda e um timbre inconfundível e muito particular. Ao ouvi-lo, não se faz referência direta a algo da nossa música, mesmo havendo mistura riquíssima ali de música mineira, sacra, hispânica e latina, e até dos Beatles e do folk de Dylan. Em termos de popularidade fora do Brasil, principalmente no circuito do jazz, ele só encontra paralelo com Tom Jobim.
Tem um disco de 1968, Courage, com Eumir Deodato, e que reúne grandes músicos americanos, o qual, para mim, é sagrado, pois marcou muito a minha infância. Meu pai ouvia e foi meu primeiro contato com a música dele. O movimento que Milton fundou com Lô Borges, o Clube da Esquina, é um dos principais da música popular brasileira. Ele está de igual para igual com Tropicália, bossa nova e Novos Baianos, em termos de importância e de construção harmônica e melódica. É uma referência muito importante para mim. Na parte embrionária do Skank, fizemos uma versão de “Raça”, o que prova que tínhamos forte influência dele.”
Discografia:Travessia – Codil, 1967 Courage – A&M/CTI, 1968 Milton Nascimento – Odeon, 1969 Milton – Odeon, 1970 Clube da Esquina (com Lô Borges) – EMI Odeon, 1972 Milagre dos Peixes – EMI Odeon, 1973 Milagre dos Peixes Ao Vivo – EMI Odeon, 1974 Native Dancer com Wayne Shorter – Columbia(USA) / Emi-Odeon(No Brasil), 1974 Minas – EMI Odeon, 1975 Geraes – EMI Odeon, 1976 Milton – A&M, 1976 Clube da Esquina 2 – EMI Odeon, 1978 Journey To Dawn – A&M, 1979 Sentinela – Barclay, 1980 Caçador de Mim – Ariola, 1981 Anima – Ariola, 1982 Missa dos Quilombos – Ariola, 1982 Ao Vivo – Barclay, 1983 Encontros e Despedidas – Barclay, 1985 Corazón Americano – [1986] A Barca dos Amantes – Barclay, 1986 Yauaratê – CBS, 1987 Miltons – CBS, 1989 Txaí – CBS, 1990 O Planeta Blue na Estrada do Sol – Columbia, 1992 Angelus – Warner, 1994 Amigo – Warner, 1995 Nascimento – Warner, 1997 Tambores de Minas – Warner, 1997 Milton Nascimento ‘Crooner’ – Warner, 1999 Gil & Milton (com Gilberto Gil) – Warner, 2000 Pietá – Warner, 2002 O Coronel e o Lobisomem, 2005 Novas Bossas, 2008 …E a Gente Sonhando, 2010 Uma Travessia, 50 Anos de Carreira Ao Vivo, 2013
9 – Clara Nunes
Clara Francisca Gonçalves Pinheiro, conhecida como Clara Nunes (Paraopeba, 12 de agosto de 1942 — Rio de Janeiro, 2 de abril de 1983)
Texto da Rolling Stone: “Clara Nunes sempre foi uma pessoa muito generosa. Era muito simpática com todo mundo, tinha carisma e luz. Nunca a vi enfurecida, aborrecida ou cobrando algo de alguém. Ela sempre se preocupava com os colegas e fazia questão de falar sobre os compositores que ela gravava e gostava. Clara era uma cantora que a gente ouvia e sabia imediatamente quem era. Tinha uma voz muito bonita e foi muito importante para o samba e para a música brasileira.
Clara era uma cantora que a gente ouvia e sabia imediatamente quem era. Tinha uma voz muito bonita e foi muito importante para o samba e para a música brasileira. Como intérprete, fez parte de uma geração de cantoras que você ouvia e sabia imediatamente quem era, porque elas tinham sua forma de interpretar, deixavam sua identidade na voz. Quando “Coração Leviano” foi gravada por Clara, se tornou um sucesso e isso me ajudou muito. Aonde eu chegava e cantava essa música, todo mundo cantava junto. E isso ela fez com inúmeros compositores. Outra virtude é que era portelense. Na Portela, as pessoas tinham um carinho muito grande por ela e esse carinho era recíproco. Sua morte prematura, no auge da carreira, foi um baque muito grande para todos nós.”
Discografia:1966 – A Voz Adorável de Clara Nunes 1968 – Você Passa, Eu Acho Graça 1969 – A Beleza Que Canta 1971 – Clara Nunes (Odeon) 1972 – Clara Clarice Clara (Odeon) 1973 – Clara Nunes (Odeon) 1974 – Brasileiro Profissão Esperança (Odeon) 1974 – Alvorecer (Odeon) 1975 – Claridade (Odeon) 1976 – Canto das Três Raças (EMI-Odeon) 1977 – As Forças da Natureza (EMI-Odeon) 1978 – Guerreira (EMI-Odeon) 1979 – Esperança (EMI-Odeon) 1980 – Brasil Mestiço (EMI-Odeon) 1981 – Clara (EMI-Odeon) 1982 – Nação (EMI-Odeon)
8 – Caetano Veloso
Caetano Emanuel Viana Teles Veloso (Santo Amaro, 7 de agosto de 1942)
Texto da Rolling Stone: “O Caetano vai ser sempre lembrado como compositor e intérprete. A chegada dele, com o Tropicalismo, foi uma revolução, que trouxe também a questão da alma da música brasileira, com Vicente Celestino e boleros, que era o nosso passado, naquele momento considerado cafona, porque só bossa nova é que era chique. Foi o que mais me impactou, pois tinha um desconforto com aquela mentalidade.
Nos conhecemos na Bahia, quando fui com o Secos & Molhados. Acho que sou um resultado do Tropicalismo, porque vim muito depois, em 1973, e aquilo já tinha mexido com a minha cabeça de tal maneira, que penso que ousei me expor tanto quanto me expus, porque o Tropicalismo me incitou. O Caetano se transformou num cantor maravilhoso quando voltou da Inglaterra, deu um pulo enorme. Até então eu o achava em tudo excelente, menos como cantor. Ele descobriu lá um jeito de cantar que depois evoluiu muito. Por isso, gosto muito dos discos que ele fez lá, que, naquele momento em que eu era um anônimo que consumia música brasileira, foram importantíssimos para mim. Uma canção dele que gravei e adoro é “Um Índio”, porque ele me contou que compôs quando estava fazendo a barba, um índio entrou na cabeça dele e, pronto, foi pegar o violão.”
Discografia: 1967 – Domingo 1967 – Caetano Veloso 1968 Tropicalia ou Panis et Circencis 1969 Caetano Veloso 1971 Caetano Veloso 1972 Transa 1973 Araçá Azul 1975 Joia 1975 Qualquer Coisa 1977 Bicho 1978 Muito – Dentro da Estrela Azulada 1979 Cinema Transcendental 1981 Outras Palavras 1982 Cores,Nomes 1983 Uns 1984 Velô 1986 Totalmente Demais 1986 Caetano Veloso 1987 Caetano 1989 Estrangeiro 1991 Circuladô 1993 Tropicália 2 1994 Fina Estampa 1997 Livro 2000 Noites do Norte 2002 Eu Não Peço Desculpa 2004 A Foreign Sound 200 Cê 2009 Zii e Ziê 2012 Abraçaço
7 – Gal Costa
Maria da Graça Costa Penna Burgos, conhecida como Gal Costa (Salvador, 26 de setembro de 1945)
Texto da Rolling Stone: “A voz da Gal é uma das mais bonitas que já ouvi. O jeito que ela se apropria das letras, da história, me faz pensar que ela está totalmente à vontade dentro de uma música. Gal se relaciona com o que canta. Com ela, “barata pode ser um barato total. Não me lembro de um primeiro momento em que ouvi suas músicas, porque minha mãe colocava Gal na vitrola todas as manhãs. Lembro de ficar olhando a capa do disco Água Viva e achar impressionante ela, Gal, debaixo d’água. Linda, borbulhando.
Não me lembro de um primeiro momento em que ouvi suas músicas, porque minha mãe colocava Gal na vitrola todas as manhãs. Lembro de ficar olhando a capa do disco Água Viva e achar impressionante ela, Gal, debaixo d’água. Linda, borbulhando. Esse disco tem uma música chamada “Mãe”. É a coisa mais linda e triste que eu já ouvi. Me dá uma saudade da minha vida, da minha infância e da minha mãe colocando esse disco na vitrola. O legal do disco mais recente dela, Recanto, é que as músicas foram feitas pra ela – e a gente percebe essa densidade. É bonito de ouvir. Cresci ouvindo Gal, amadureci ouvindo Gal. O Cantar é um dos meus discos de cabeceira. Eu me interessei pelo canto ouvindo os discos dos meus pais. E Gal estava lá, cantando o tempo todo com a gente.”
Discografia: Domingo (1967) – com Caetano Veloso Tropicalia ou Panis et Circencis (1968) – com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nara Leão, Os Mutantes e Tom Zé Gal Costa (1969) Gal (1969) LeGal (1970) Índia (1973) Cantar (1974) Gal Canta Caymmi (1976) Gal Canta Caymmi (1976) Água Viva (1978) Gal Tropical (1979) Aquarela do Brasil (1980) Fantasia (1981) Minha Voz (1982) Baby Gal (1983) Profana (1984) Bem Bom (1985) Lua de Mel Como o Diabo Gosta (1987) Plural (1990) Gal (1992) O Sorriso do Gato de Alice (1993) Mina d’Água do Meu Canto (1995) Aquele Frevo Axé (1998) Gal de Tantos Amores (2001) Bossa Tropical (2002) Todas as Coisas e Eu (2003) Hoje (2005) Recanto (2011) Estratosférica (2015)
6 – Roberto Carlos
Roberto Carlos Braga, (Cachoeiro de Itapemirim, 19 de abril de 1941)
Texto da Rolling Stone:“Eu ouvi Roberto Carlos pela primeira vez no colo de meu pai, que me segurava em um dos braços e com o disco dele debaixo do outro, tentava fazer o café da manhã e colocar o vinil na vitrola ao mesmo tempo. Isso acontecia todos os domingos lá em casa. O impacto ecoa até hoje. Roberto Carlos ajudou milhares de pessoas a serem o que são hoje através de suas canções, que vinham ano a ano alimentando a alma de cada brasileiro, assim como Caetano, Gil, Chico, Raul, entre outros, mas com um alcance muito maior.
Sua voz é a voz do amigo que a gente precisa ter durante toda a vida. Esse feito fez dele um dos compositores mais importantes na história da música brasileira. Ao lado de Erasmo Carlos, atingiu com perfeição o alvo, que é o coração das pessoas. Juntos, eles chegaram a um nível altíssimo de emoção em milhares de versos que permanecem vivos até hoje. É uma aula de composição. De algum modo, é esse mesmo alvo que procuro quando faço uma canção. A convite de Erasmo, conheci Roberto certa vez. Fiquei incomodado com a presença dele ali na minha frente. Respirei fundo, cheguei perto, olhei nos olhos dele e o agradeci pessoalmente.”
Discografia: 1961 Louco por Você 1963 Splish Splash 1964 É Proibido Fumar 1964 Roberto Carlos Canta A La Juventud 1965 Roberto Carlos Canta para a Juventude 1965 Jovem Guarda 1966 Roberto Carlos 1967 Roberto Carlos Em Ritmo de Aventura 1968 O Inimitável 1969 Roberto Carlos 1970 Roberto Carlos 1971 Roberto Carlos 1972 Roberto Carlos 1973 Roberto Carlos 1974 Roberto Carlos 1975 Roberto Carlos 1976 Roberto Carlos 1976 San Remo 1968 1976 Roberto Carlos 1977 Roberto Carlos 1978 Roberto Carlos 1979 Roberto Carlos 1980 Roberto Carlos 1981 Roberto Carlos 1982 Roberto Carlos 1983 Roberto Carlos 1984 Roberto Carlos 1985 Roberto Carlos 1986 Roberto Carlos 1987 Roberto Carlos 1988 Roberto Carlos 1988 Roberto Carlos ao Vivo 1989 Roberto Carlos 1990 Roberto Carlos 1991 Roberto Carlos 1992 Roberto Carlos 1993 Inolvodables 1993 Roberto Carlos 1994 Roberto Carlos 1995 Roberto Carlos 1995 Roberto Carlos 1996 Roberto Carlos 1997 Canciones que Amo 1998 Roberto Carlos 1999 Mensagens 1999 Grandes Sucessos 2000 Grandes Canciones 2001 Acústico MTV 2002 Roberto Carlos 2003 Pra Sempre 2004 Pra sempre ao vivo 2005 Roberto Carlos 2006 Roberto Carlos Duetos 2008 Roberto Carlos En Vivo 2008 Roberto Carlos e Caetano Veloso e a música de Tom Jobim 2009 Elas Cantam Roberto Carlos 2010 Emoções Sertanejas 2012 Roberto Carlos Em Jerusalém (Ao Vivo) 2012 Esse Cara Sou Eu EP 2013 Remixed 2015 Primeira Fila
5 – Maria Bethania
Maria Bethânia Vianna Telles Vello (Santo Amaro, 18 de junho de 1946), mais conhecida como Maria Bethânia
Texto da Rolling Stone:“Bethânia surgiu para o público como apenas e exclusivamente uma voz. Foi na Bahia. O diretor de teatro Álvaro Guimarães montou O Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues, e o espetáculo abria com um longo blackout em que se ouvia a voz de uma garota desconhecida cantando “Na Cadência do Samba”, de Ataulfo Alves. Ela tinha 17 anos, mas era já essa voz de timbre rico e afeto intenso que nos impressiona até hoje. Ninguém via a figura que sustentava aquela voz nas trevas. Mas o espetáculo começava com uma força ímpar no teatro mundial.Conheço a voz de Bethânia desde dentro: ela foi se desenvolvendo pertinho de mim – e tinha os elementos genéticos que estão presentes na minha própria voz, na de meus outros irmãos, na de meus filhos. A personalidade forte de Bethânia sempre foi a que se sente quando hoje ela entra no palco, num restaurante ou em uma sala de estar. Sua voz também sempre foi assim peculiar, com tons de cobre e de água-marinha. É uma textura que veicula sentimento e inteligência intensos e imediatos. É uma voz-pessoa, indissociável. E desde sempre atada à música através da poesia.”
Discografia: 1965 Maria Bethânia 1967 Edu e Bethânia 1969 Maria Bethânia 1971 A Tua Presença 1972 Drama 1976 Pássaro Proibido 1977 Pássaro da Manhã 1978 Álibi 1979 Mel 1980 Talismã 1981 Alteza 1983 Ciclo 1984 A Beira e o Mar 1987 Dezembros 1988 Maria 1989 Memórias da Pele 1990 25 anos 1992 Olhos D’água 1993 As canções que você fez pra mim 1993 Las Canciones que Hiciste pra Mí 1996 Âmbar 1999 A Força que nunca seca 2001 Maricotinha 2003 Cânticos, preces, súplicas à Senhora dos jardins do céu na voz de Maria Bethânia 2003 Brasileirinho 2005 Que falta você me faz – Músicas de Vinicius de Moraes 2006 Pirata 2007 Omara Portuondo e Maria Bethânia 2009 Encanteria 2009 Tua 2012 Oásis de Bethânia 2014 Meus Quintais
4 – Wilson Simonal
Wilson Simonal de Castro (Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 1938 — São Paulo, 25 de junho de 2000)
Texto da Rolling Stone:“Simonal inaugurou uma nova escola de canto no Brasil. Ele uniu todas as escolas vocais, desde o cool da bossa nova até a potência vocal, acrescentando uma influência do suingue, na maneira mais criativa de se interpretar uma música. Não somente por saber cantar as notas originais, mas também por criar uma divisão diferente e novas possibilidades de melodias paralelas.
No começo da carreira até o fim dos anos 70, Simonal viveu, como cantor, em uma evolução constante. Começou cantando rock e calipso nos primeiros discos, com muita influência dos conjuntos vocais norte-americanos e de Ray Charles. Também se aproximou da bossa e do samba, e nunca teve medo de misturar ritmos. Na segunda metade dos anos 60, teve a história da pilantragem, gênero que ajudou a criar. O jeito de ele cantar era adequado ao gênero musical mais dançante, balançado, direto e popular. Então, todas as suas fases têm pontos altos. Não era só um cantor. Era um artista bem completo e fazia muitas coisas no palco. E tem essa coisa da comunicação, de falar e brincar com o público, o que você vê hoje muitos artistas fazendo. É uma coisa comum. Qualquer artista de banda de axé hoje fala: “Tira o pé do chão”. Mas isso era algo que não existia na música popular brasileira. Ele foi um dos primeiros, se não o primeiro.”
Discografia: 1963 – Tem “Algo Mais” 1964 – A Nova Dimensão do Samba 1965 – Wilson Simonal 1965 – S’imbora 1966 – Vou Deixar Cair… 1967 – Alegria, Alegria !!! 1968 – Alegria, Alegria Volume 2 ou Quem não Tem Swing Morre com a Boca Cheia de Formiga 1969 – Alegria, Alegria Volume 3 ou Cada um Tem o Disco que Merece 1969 – Alegria, Alegria Volume 4 ou Homenagem à Graça, à Beleza, ao Charme e ao Veneno da Mulher Brasileira 1970 – México ’70 (lançado apenas no mercado mexicano, chegou ao Brasil em 2010) 1970 – Simonal 1971 – Jóia, Jóia 1972 – Se Dependesse de Mim 1973 – Olhaí, Balândro… É Bufo no Birrolho Grinza! 1974 – Dimensão 75 1975 – Ninguém Proíbe o Amor 1977 – A Vida É só pra Cantar 1979 – Se todo mundo Cantasse Seria bem mais Fácil Viver 1982 – Alegria Tropical 1983 – Simonal 1991 – Os Sambas da minha Terra (lançado apenas na Venezuela)1995 – Brasil1998 – Bem Brasil – Estilo Simonal
3 – Ney Matogrosso
Ney de Souza Pereira (Bela Vista, 1 de agosto de 1941), mais conhecido como Ney Matogrosso
Texto da Rolling Stone:“Ney Matogrosso é incomparável. Nunca houve entre os cantores brasileiros uma figura tão sedutora, chique e atrevida. Públicos feminino e masculino são hipnotizados por sua voz e presença. Não há quem não fique apaixonado. O timbre da voz é inigualável. Quando se ouve, sabe-se na hora quem é. Isto se chama personalidade e ele a aplica em todos os poros de sua arte.
Bobagem falar em momentos mais importantes da vida de um artista do calibre dele, que nunca se repete. Foi inesquecível quando o vi pela primeira vez. Foi uma aparição do outro mundo: um ET elegante vestindo um kabuki mucho louco com uma voz assexuada, cantando uma ciranda portuguesa. Quer mais? Valorizo também a defesa que ele faz no tratamento da hanseníase. Adoro o respeito que tem pelos animais e como cuida do verde. Ah, eu disse que o Ney é um lindo e um tesão?”
Discografia: Água do Céu – Pássaro (1975) Bandido (1976) Pecado (1977) Feitiço (1978) Seu Tipo (1979) Sujeito Estranho (1980) Ney Matogrosso (1981) Mato Grosso (1982) Pois é (1983) Destino de Aventureiro (1984) Bugre (1986) Quem Não Vive Tem Medo da Morte (1988) As Aparências Enganam (1993) – com Aquarela Carioca Estava Escrito (1994) Um Brasileiro (1996) O Cair da Tarde (1997) Olhos de Farol (1999) Batuque (2001) Ney Matogrosso Interpreta Cartola (2002) Vagabundo (2004) – com Pedro Luís e a Parede Inclassificáveis (2008) Beijo Bandido (2009) Atento aos Sinais (2013)
2 – Elis Regina
Elis Regina Carvalho Costa (Porto Alegre, 17 de março de 1945 — São Paulo, 19 de janeiro de 1982)
Texto da Rolling Stone: “Minha mãe, absurdamente inteligente que era, soube ser repórter do seu tempo, de forma sensível, criativa e corajosa. Usou sua arte para acrescentar não apenas memória emotiva à vida das pessoas. Não se vê isso hoje em dia – até porque parece que ser engajado hoje é mal visto; os artistas estão engessados, preocupados demais com outras coisas, imagem, por exemplo. Eu inclusive. A sua compreensão das letras permitia sua interpretação ímpar – e isso também se dá ao seu senso crítico. Ela tinha essa necessidade de cantar, de se entender cantora, de se fazer ouvir, de falar.
Essa inquietação toda, num corpo de 1,50m, é de uma ousadia necessária nas artes. Buscava a perfeição no que fazia, não nivelava por baixo, não se contentava com pouco. E ela era, sim, uma musicista, com destaque especial pra sua noção de divisão, onde e como colocar notas curtas, onde sustentar uma nota, sempre pensando na história que a letra contava. Dinheiro, fama, números não a interessavam. Por isso que ela era – e continua sendo – levada muito a sério. Sempre foi nítida a sua entrega e respeito à arte.
Na minha humilde opinião, os discos Elis e Tom e Essa Mulher têm uma beleza e força peculiares. Saudade do Brasil e Transversal do Tempo são fundamentais. Cantar essas músicas está sendo uma experiência muito rica e emotiva, tanto do ponto de vista pessoal quanto profissional. O show que estou fazendo me reaproximou de minha mãe, depois de 10 anos sem permitir que ela se comunicasse comigo através de sua música, que foi a ferramenta que eu elegi para tê-la comigo de alguma maneira. Entenda: eu não a ouvia com frequência, até porque isso sempre doeu muito. No entanto, quando da decisão de me tornar uma cantora profissional, evitar ouvi-la a qualquer custo se fez necessário.”
Discografia:1961 – Viva a Brotolândia 1962 – Poema de Amor 1963 – Elis Regina 1963 – O Bem do Amor 1965 – Samba – Eu Canto Assim 1966 – Elis 1969 – Elis – Como e Porque 1970 – Em Pleno Verão 1971 – Ela 1972 – Elis 1973 – Elis 1974 – Elis & Tom (com Antônio Carlos Jobim) 1974 – Elis 1976 – Falso Brilhante 1977 – Elis 1979 – Essa Mulher 1980 – Saudade do Brasil 1980 – Elis
1 – Tim Maia
Tim Maia, nome artístico de Sebastião Rodrigues Maia (Rio de Janeiro, 28 de setembro de 1942 — Niterói, 15 de março de 1998)
Texto da Rolling Stone: “Quando eu ouvi a música ‘Lábios de Mel’, que é lindíssima, ainda era garoto. Foi na década de 70, início da década de 80. O impacto foi muito forte, porque era uma música negra, brasileira, extremamente forte e importante. Foi muito bonito para mim. Enquanto Michael Jackson era uma referência, um artista como Tim Maia compunha música negra e chamava atenção, se destacando no Brasil. Por isso, ele teve muita importância, principalmente para a música negra brasileira, a música soul. Muitos artistas, talvez antes dele ou no mesmo período, batalharam para fazer essa música acontecer e ele conseguiu trazê-la para o Brasil e dar autoria a ela. Ou seja, deu a cara brasileira a esse ritmo universal. O timbre de Tim Maia era muito particular e muito pessoal. De grande extensão, ia do grave ao agudo e era marcante, com o sotaque da música brasileira. Você percebe samba, jovem guarda,
forró, tudo fundido dentro dessa particularidade de black music. Ao mesmo tempo em que cantava
e interpretava as canções, ele não deixava de se comunicar com o público nem de fazer com que as
pessoas cantassem com ele. Sempre pedia também para as pessoas dançarem. Ou seja, foi um cara que imprimiu muito comportamento para o público.
Tim Maia tocava muito bem percussão. Eu me sinto influenciado por ele não só como cantor mas
no front line e, principalmente, no compromisso com o bom som. A fidelidade do som que vai para
as pessoas e que vem para ele também cantar mais bonito. Eu gravei ‘Cristina’ e cantei várias músicas dele no especial Som Brasil, na TV Globo. Entre as músicas que mais gosto, estão todas no Tim Maia Racional, que considero um dos melhores discos da música de brasileira. Ele escolhe um único tema para falar no disco e, ao mesmo tempo, consegue diversificar demais, com uma mesma formação muito exclusiva. Ele grava um disco inteiro assim e cada música tem uma particularidade, mesmo que discutindo o mesmo tema. Acho que talvez poucas pessoas saibam, mas Tim Maia era apontado como um cara muito
preocupado com o futuro das crianças. No fim da vida, fez o bem para muitas delas. Ele foi, acima
de tudo, uma pessoa que não se escondia da vida e das adversidades. Não omitiu polêmicas. Viveu
intensamente. Dessa intensidade, fez muita música boa e muito show bom. Agora acho que tudo é
uma questão de tempo. Há aqueles que não querem descobrir como ele é como pessoa, porque
simplesmente amam a música dele. E há aqueles que têm a simplicidade para entender que, por
trás da música, há uma pessoa que precisa ser investigada. Acredito que, no futuro, as pessoas
mudarão essa opinião a respeito dele apenas como um personagem polêmico e engraçado.”
Discografia:1970 – Tim Maia 1971 – Tim Maia 1972 – Tim Maia 1973 – Tim Maia 1975 – Tim Maia Racional, Vol. 1 1976 – Tim Maia Racional, Vol. 2 1976 – Tim Maia em Inglês 1976 – Tim Maia 1977 – Tim Maia 1978 – Tim Maia Disco Club 1979 – Reencontro 1980 – Tim Maia 1982 – Nuvens 1983 – O Descobridor dos Sete Mares 1984 – Sufocante 1985 – Tim Maia 1986 – Tim Maia 1987 – Somos América 1988 – Carinhos 1990 – Dance Bem 1990 – Tim Maia Interpreta Clássicos da Bossa Nova 1994 – Voltou Clarear 1995 – Nova Era Glacial 1997 – Tim Maia & Os Cariocas: Amigos do Rei 1997 – Pro Meu Grande Amor 1997 – What a Wonderful World 1997 – Só Você (Para Ouvir e Dançar) 1997 – Sorriso de Criança Póstumos2011 – Tim Maia Racional, Vol. 3
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