Hebe Maria Monteiro de Camargo Ravagnani, mais conhecida como Hebe Camargo ou simplesmente Hebe (Taubaté, 8 de março de 1929 — São Paulo, 29 de setembro de 2012)
Filha do violonista Sigesfredo Monteiro de Camargo, foi atriz, humorista e cantora brasileira, tida como a “rainha da televisão brasileira”. Ravagnanié seu sobrenome de casada. Morreu no dia 29 de setembro de 2012 por uma parada cardíaca em São Paulo. O que quase todo mundo esquece é que Hebe era uma cantora importante antes de se dedicar à televisão.
Venceu um programa de calouros no Rádio paulista. Depois, integrou o conjunto vocal “As Três Américas”. Posteriormente, com a irmã e duas primas formou o Quarteto Dó Ré Mi Fá, inspirado no grupo vocal norte-americano “Andrews sisters”, com o qual se apresentou na Rádio Tupi. Pouco depois o grupo se desfez com o casamento de uma de suas primas. Seguiu a carreira artísitica em 1947 cantando em dupla com a irmã Estela no programa “Arraial da Curva Torta” apresentado pela dupla Tonico e Tinoco na Rádio Difusora de São Paulo substituindo a dupla Xandica e Xandoca. Na ocasião, utilizavam o nome artístico de Rosalina e Florisbela. A irmã acabou desistindo da carreira, mas ela prosseguiu. Em 1948, apresentou-se com Mazaropi na Rádio Tupi de São Paulo. Amiga de Mazaropi, atuou na “Brigada da alegria”, criada por ele.
Em 1950, estreou em disco na Odeon gravando os sambas “Oh! José”, de Esmeraldino Sales e Ribeiro Filho e “Quem foi que disse”, de G. de Aguiar e Valadares do Lago. No mesmo ano, gravou a marcha “Sem tambor e sem corneta”, de Dênis Brean e Osvaldo Guilherme e o samba “Vou morrer de saudade”, de José Roy, Orlando Monello e Sérgio Falcão. Esteve presente entre as pessoas que recepcionaram a chegada do primeiro equipamento de Tv ao Brasil, em 1950 e foi convidada por Assis Chateaubriand para participar da primeira transmissão de Tv ao vivo no Brasil. No ano seguinte, lançou os baiões “Baiano dos óio grande”, de Sérgio Falcão e “Seu Quelemente”, de Hervê Cordovil e o “Samba em Havana”, de Liz Monteiro e Osvaldo França. Atuou intensamente na TV nos anos 1950 chegando a apresentar cinco programas semanais na TV Paulista. Começou a se destacar quando substituiu o compositor Ary Barroso em um programa de calouros na TV Paulista.
Gravou duas composições de Ribeiro Filho em 1952, a valsa “De olho nele” e a marcha “Santo Antônio, por favor”. Gravou também o “Baião caçula”, de Mário Gennari Filho e Felipe Tedesco, o maxixe “O mulatinho”, de Belmácio Godinho e Felipe Tedesco e a guarânia “Índia”, de Flores e Guerrero com versão de José Fortuna. Em 1953, gravou o samba-canção “Nem eu”, de Dorival Caymmi e o “Mambo caçula”, de Getúlio Macedo e Bené Alexandre. Em novembro desse ano, gravou duas composições em homenagem à cidade de São Paulo que no ano seguinte faria quatrocentos anos, a marcha “Paulicéia em festa”, de Avaré e o dobrado “São Paulo quatrocentão”, de Garoto e Chiquinho. Gravou também no mesmo período, com o grupo Os Quatro Amigos o samba-canção “Seu regresso”, de Décio Cardoso, a toada “Falta você”, de Chico, a macha “Boas festas”, de Assis Valente e a canção “Feliz Natal”, de Armando Cavalcanti e Klécius Caldas.
Em 1954, gravou dois sambas de Antônio Maria, “Vou prá Paris”, parceria com Fernando Lobo e “Aconteceu em São Paulo”. Lançou ainda o samba “Madalena”, de Osvaldo França e Blecaute. No ano seguinte, voltou a gravar duas composições de Ribeiro Filho, o slow “Abênção mamãe” e o baião “Sinhá Rosinha”. Gravou no mesmo ano a marcha “Deixa de luxo, Gatica”, uma sátira ao cantor mexicano Lucho Gatica, de Osvaldo França e Elzo Augusto e o samba “Que será de mim?”, de Osvaldo França e José Roy.
Em 1956, gravou “Mambo italiano”, de Bob Merril e o fox “O banjo voltou”, de E. Shuman, A . Shuman e M. Brown, ambas com versões de Júlio Nagib. Nessa época, gravou o mambo “Sim ou não”, de Mário Gennari Filho e Joamar, o bolero “Meu último fracasso”, de Alfredo Gil e Júlio Nagib e a toada “Custou pra arranjar”, de Antônio Rago e João Pacífico..
Em 1958, gravou na RGE o rock “Serafim”, de Heinz Gietz e Kurt Feltz e o maxixe “Flor de abacate”, de Álvaro Sandim e Felipe Tedesco.
Em 1959, gravou o rock-balada “Quem é”, de Osmar Navarro e Oldemar Magalhães e o samba-canção “Conversa”, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim. No mesmo ano, gravou na Polydor o “Samba em prelúdio”, de Vinícius de Moraes e Baden Powell. Por essa época, gravou o LP “Hebe e vocês”, pela Polydor.
Em 1960, gravou na Odeon o samba “Cupido não faltou”, de Mário Gennari Filho e Maria Angelina, o rock-balada “Lua escura”, de N. Miller com versão de Júlio Nagib e os sambas-canção “A canção dos seus olhos”, e “Amor de janela”, de Pernambuco e Antônio Maria e “Cantiga de quem está só”, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim. Em 1961, gravou “Faz-me rir”, de Vinícius de Moraes e Paulo Soledade. Nesse ano, lançou pela Odeon o LP “Festa de ritmos”. Por essa época tornou-se estrela da TV do Rio e de São Paulo. Em 1962, casou e se afastou temporariamente da vida artística. Dois anos depois, retornou à TV apresentando um programa na TV Record. Em 1966, gravou outro disco, e somente voltaria a fazê-lo quase três décadas depois, passando a dedicar-se mais a atividade de apresentadora de TV. À época, seu “Programa Hebe” batia records de audiência na TV Record. Nesse ano, participou do LP “Corte Rayol show”, organizado pelo cantor Agnaldo Rayol, interpretando em dueto com ele o tango “O dia em que me queiras”, de Le Pera e Gardel.
Em 1973, retornou aos programas de rádio e foi contratada pela TV Bandeirantes estreando novo programa. Em 1986, foi contratada pelo SBT o que levou a TV Bandeirantes a suspender em represária seu último programa na emissora. Em 1995, teve seus antigos sucessos remasterizados e lançados pela EMI. Em 1997, participou do CD “Todo sentimento”, de Agnaldo Rayol interpretando “Serenata do adeus”, de Vinícius de Moraes. Em 1999, retornou aos estúdios depois de 29 anos e gravou o CD “Pra você”.
Em 2001, lançou pela Universal Music o CD “Como é grande o meu amor por vocês”, que contou com a participação de importantes nomes da música popular brasileira. Com Chico Buarque cantou “Trocando em miúdos”, de Chico e Francis Hime; com Nana Caymmi “Sábado em Copacabana”, de Carlos Guinle e Dorival Caymmi; com Zeca Pagodinho “Papel de pão”, de Cristiano Fagundes; com Fábio Júnior, “Eu não existo sem você”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes; com Simone, “Pensando em ti”, de Herivelto Martins e David Nasser; com Zezé Di Camargo e Luciano, “Queria”, de Carlos Paraná; com Raul Di Biasio, “A noite o meu bem”, de Dolores Duran e com Ivete Sangalo, “Simples carinho’, de Abel Silva e João Donato. Além das interpretações solo de “Dom de iludir”, de Caetano Veloso, “Naquela mesa”, de Sérgio Bittencourt e da música título, de Roberto Carlos.
Em 2004, completou 18 anos à frente do “Programa Hebe Camargo” no SBT no qual se apresentam importantes artistas da música popular brasileira e onde ele continua a obter altos índices de audiência em todo o Brasil. Em 2009, às vésperas de completar 80 anos de idade renovou seu contrato com o SBT e voltou ao ar apresentando programas inéditos tendo completado 23 anos na emissora. Ainda por ocasião dos festejos por seu aniversário de 80 anos, completados em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, foi tema de reportagem especial da revista TDB do jornal O Dia, levada a público no próprio dia de seu aniversário, e de uma reportagem de página inteira do jornal O Globo, além de repercussões em vários outros veículos, especialmente nos jornais de São Paulo. (Dicionário Cravo Albin)
DISCOGRAFIA
- (2001) Como é grande o meu amor por vocês • Universal Music • CD
- (1998) Pra você • CD
- (1995) Maiores sucessos • EMI • LP
- (1966) Hebe Camargo • Odeon • LP
- (1961) São Francisco/Faz-me rir • Odeon • 78
- (1961) Festa de ritmos • Odeon • LP
- (1960) Cupido não faltou/Lua escura • Odeon • 78
- (1960) Henriquinas/Cabralinas • Odeon • 78
- (1960) A canção dos seus olhos/Cantiga de quem está só • Odeon • 78
- (1960) No domingo não/Amor de janela • Odeon • 78
- (1959) Samba em prelúdio/As estações do amor • Polydor • 78
- (1959) Hebe e vocês • Polyor • LP
- (1958) Serafim/Flor do abacate • RGE • 78
- (1956) Mambo italiano/O banjo voltou • Odeon • 78
- (1956) Sim ou não/Meu último fracasso • Odeon • 78
- (1956) Custou pra arranjar/Tim-tim por tim-tim • Odeon • 78
- (1955) Abênção mamãe/Sinhá Rosinha • Odeon • 78
- (1955) Jonny Guitar/O que eu queria dizer ao teu ouvido • Odeon • 78
- (1955) Deixa de luxo, Gatica/Que será de mim? • Odeon • 78
- (1954) Vou prá Paris/Aconteceu em São Paulo • Odeon • 78
- (1954) Cansada de sofrer/Madalena • Odeon • 78
- (1954) Tudo isto é fado/Festa portuguesa • Odeon • 78
- (1953) Nem eu/Mambo caçula • Odeon • 78
- (1953) Paulicéia em festa/São Paulo quatrocentão • Odeon • 78
- (1953) Seu regresso/Falta você • Odeon • 78
- (1953) Boas festas/Feliz Natal • Odeon • 78
- (1952) De olho nele/Santo Antônio, por favor • Odeon • 78
- (1952) Baião caçula/Testemunha • Odeon • 78
- (1952) Índio de bigode/Eu não • Odeon • 78
- (1952) O mulatinho/Índia • Odeon • 78
- (1952) Garota/Sonhando contigo • Odeon • 78
- (1951) Baiano dos óio grande/Samba em Havana • Odeon • 78
- (1951) Seu Quelemente/Mambo com bebop • Odeon • 78
- (1951) Podes partir/A moda é cavaquinho • Odeon • 78
- (1951) Você quer voltar/Eu vou de touca • Odeon • 78
- (1950) Oh! José/Quem foi que disse • Odeon • 78
- (1950) Sem tambor e sem corneta/Vou morrer de saudade • Odeon • 78
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