Crítica: Morrissey – 07/03/2012 – Belo Horizonte

 

Lá vamos nós para mais uma aventura musical. Belo Horizonte está sendo presenteada este ano com tanta coisa boa chegando por aqui: teremos Joe Cocker, Bob Dylan e Crosby, Stills and Nash, e andamos com rumores de Adele e Paul McCartney, além do esperadíssimo retorno dos Los Hermanos em maio. Para não ficar de fora fui conferir o primeiro showzaço do ano, o ex-lider do The Smiths: Morrissey.

Confesso que tem pouco tempo que curto esse rock anos 80 (e confesso também que foi o filme 500 dias com ela que me fez resgatar este gosto escondido dentro de mim), e o pouco que conhecia era The Smiths, da carreira solo de Morrisey conhecia (e conheço) muito pouco, apesar de já ter lido e ouvido vários elogios da crítica musical.

Bem, fomos na cara e na coragem, eu e Lígia Passos (Sousa adotada por nós devido a elaboradíssimo gosto musical), ver qual é a do cara. Na chegada tivemos que aguentar alguns minutos de uma infeliz (mas esforçada) cantora americana Kristeen Young. Ela urrava versos incompreensíveis ao esmurrar um teclado sozinha no palco. Deu pena, mas parece que ela curtiu, pois saiu aplaudida pelos fanáticos fãs de Morrissey, que estavam tão felizes, que não era ela que ia estragar tudo.

Antes do começo do show passaram vídeos em um telão montado no palco, provavelmente escolhidos por Morrisey: Shocking Blue, The Sparks e até Brigitte Bardot. Serviu para esquentar o clima. Após uma barulheira inexplicável produzida por instrumentos que não consegui identificar, as 22:10h, o telão cai e surge, lá no fundo, de camisa branca e calça social, o mais esperado, Morrissey.

Muito simpático, não parecia que era o que falavam: antipático, ignora fãs, mau humorado. Morrissey parecia leve e feliz. Sua banda estava toda de camiseta vermelha escrita “Assad is Shit”, com uma crítica direta ao ditador Sírio. Começou com a animada “First of the Gang to Die” e emendou sucessos de carreira solo. Mesmo não conhecendo boa parte, Morrissey conseguiu me manter de pé e dançando ao som de seus bons hits. O público foi a loucura com o primeiro sucesso de The Smiths tocado: “Still Ill”, seguida de “Everyday is Like Sunday” cantada em coro por fanáticos e não fanáticos.

Depois de mais alguns momentos carreira solo Morrissey trouxe o clássico “Meat is Murder”. Já não gosto da música, mas este talvez tenha sido o ponto mais baixo do show. Morrissey é um vegetariano radical. Tão radical que nesta noite o Chevrolet Hall só poderia vender lanches que não tivessem carne (as opções eram salgados de ricota ou pão de queijo). Durante a apresentação da música, um vídeo ao fundo com cenas de animais multilados passavam sem parar, com a intenção de desagradar o público, e talvez “catequizar” novos vegetarianos. Não gostei. Não sou vegetariana mas também não sou carnívora fervorosa, e como nutricionista me sinto no direito de discutir essas condutas radicais. Nesta parte confesso ter ficado mau humorada.

Por sorte, Morrissey se redimiu com as clássicas “I Know it’s Over”, “There is a Light that Never Goes Out” (histeria total), “I’m throwing My Arms Around Paris”, “Please, Please, Please Let Me Get What I Want”e “How Soon Is Now”. Nos intervalos entre as músicas sobravam elogios ao público (“I love you”, “Brasil, Brasil”) e também sobravam idolatrias pelos fãs presentes. Ficou claro para ele também, apesar do desânimo em tocar clássicos de The Smiths, que a platéia estava lá para isso, pois eram as músicas mais cantadas. Trocou de camisa duas vezes, lançando a branca que usava no início para os fãs e voltando de camisa roxa, clássica dos tempos de The Smiths.

Morrissey voltou para uma música no Bis, já de blusa amarela: “One Day Goodbye Will Be Farewell”, também admirada por todos. Despediu-se e não voltou. Para os fãs, ficou o gostinho de quero mais. Para os admiradores da música (como eu), ficou de bom tamanho, apesar de sentir falta de alguns bons clássicos da famosa banda dos anos 80. Mas já fiquei grata com “Please, Please, Please”. Morrissey mantem sua voz tenra e afinada, o temperamento inesperado e a pregação ao vegetarianismo à tona, para nós que temos pouca chance de vê-lo, é ótimo, mas talvez tenha que rever alguns conceitos para não ficar obsoleto, conseguir manter antigos fãs e ganhar os mais novos, como eu!

Fica um gostinho para vocês aqui embaixo:

 

2 comentários em “Crítica: Morrissey – 07/03/2012 – Belo Horizonte

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  1. Em primeiro lugar, é uma honra ser adotada musicalmente pelos Sousa!!!!
    Concordo com a classificação “3 estrelas”. Pouco conhecia sobre a carreira solo do Morrissey, salvo um pendrive carregado pela Marina, e escutado poucos dias antes do show, pude reconhecer canções como First Of The Gang to Die, Black Cloud e Let Me Kiss You.
    Pela fama que Morrissey leva de mau hunorado, achei ele bem simpático. Sua roupa inicial lembrava um tiozão em fim de festa de casamento, já sem gravata e com a camisa pra fora da calça. Por sinal, calça essa uns 2 números maiores hehehe!!! Voz potente e afinada (fonoaudióloga de plantão!!!) e banda muito boa.
    A sequencia de There’s a light that never goes out, I’m throwing My Arms Around Paris (tema da minha futura fuga pra Paris!!!!), Please, Please, Please e How Soon Is Now foi perfeita!!!! A vontade nessa hora era que viessem clássicos e mais clássicos dos Smiths.
    O show foi muito bom! Mas se tivesse pelo menos mais uns 3 clássicos dos Smiths seria ótimo!!!
    Mas ok! O show era do Morrissey e ele tinha que vender o “fish and chips” dele!!!

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