Essa semana eu ouvi muito murmurinho por causa de eventos musicais brasileiros. Costumo não me envolver em polêmicas, mas eu gosto de dar a minha opinião.
#FreeMichelTeló
Primeiro vou começar com a polêmica “Ai se eu te Pego” chegando na Europa. Ok gente, a música é ruim? É. Michel Teló não tem talento? Não. Ela reflete a cultura brasileira no exterior? Talvez. Não vamos nos enganar, o Brasil é muito grande, e somos lembrados sempre por muitas coisas, pela alegria do nosso povo, pelo talento no futebol (ou ao menos era né?), pelos excelentes músicos (exportávamos Mutantes, João Gilberto, Chico Buarque), mas também pelo carnaval, mulheres peladas e, porque não, Michel Teló? Não que eu vá comprar discos de Michel Teló ou frequentar estes tipos de shows (porque ai pra mim é demais, mas não julgo quem o faz), mas vamos concordar que é divertido, quando estamos em alguma festa, algum lugar para nos divertir, ouvir e dançar esse tipo de música. É ai que começa a hipocrisia. Se é divertido para nós, brincar, rir, fazer piada da situação, porque não seria divertido para o Nadal? O Cristiano Ronaldo? Os jogadores suecos? Os portugueses, espanhois, poloneses e italianos? Afinal, nós nos damos o direito de dançar a música do Guarda-Chuva ou do Cafetão (“Umbrella” da Ryhanna e “P.I.M.P.” de 50 Cent) sem sequer nos preocupar com o que a letra quer dizer, e sem pensar que isso “reflete” a cultura americana, não é mesmo? Afinal eles tem tantas coisas boas que podemos relevar isto, certo? Não, a situação é a mesma. A letra também fala coisas desconexas e mesmo assim adoramos dançar. Vão vir os mais hipócritas dizer que “eu não danço quando toca Michel Teló, ou 50 Cent, ou qualquer outra coisa que eu não julgue ser musicalmente interessante”. Ok, então você é um chato, e só isso que tenho pra falar.
E ah, Michel Teló, tudo bem, é bacana seu sucesso no exterior e continue assim, atingindo seus sonhos, mas por favor, não traduza a música para outras linguas. Você faz sucesso lá porque ninguém entende o que você diz, e esse é o charme, traduzir vira vexame, please.
Para a polêmica Los Hermanos, fica a mesma conduta. Eu não julgo quem gosta de Michel Teló, eu não julgo quem escuta Angra, eu não julgo quem curte Velhas Virgens, e não acho que todo fã deve ser generalizado por gostar de um estilo musical. Nem todo fã de Michel Teló é sertanejo barango, nem todo fã de Angra é roqueiro cabeludo, nem todo fã de Velhas Virgens é sujo e nem todo fã de Los Hermanos é cult chato. Conheço fãs de Los Hermanos que escutam Exaltasamba, Cartola, Beatles e Pixote (né Marina Nogueira), e nem por isso podem ser rotulados como chatos. O frisson pelos ingressos aconteceu pelo simples fato de que os caras não tocavam há muito tempo. Pode ser por interesse financeiro, eles podem tocar só por tocar, o show pode ser uma droga, mas o fã não perde essa chance de tomar cerveja, reunir os amigos e cantar suas músicas favoritas. Ou você acha que o Paul McCartney, o ACDC, os Rolling Stones e outros que estão na estrada há anos também só tocam por puro amor aos fãs e as músicas? Tem que ter dinheiro na parada senão ninguém sai do lugar.
Então é isso. Por hoje, abaixo a hipocrisia musical, vamos todos nos respeitar e ser menos críticos com pequenas coisas. Vamos guardar nossas energias para mudar o país, ir as ruas, reclamar algo importante. #FreeMichelTeló, #FreeMarceloCamelo, #Chegadehipocrisia.
*A autora Marina Silva deixa claro que nunca gostou de Michel Teló, mas assume dançar “Ai se eu te Pego” eventualmente em festas de casamento ou formatura, com seus amigos que se julgam cultos demais para isto. Ah, e ela é fã de Los Hermanos, e encararia a fila pelo show (mas botou sua irmã mais nova para cumprir tarefa tão árdua) 😉