Chico escolheu BH para abrir a temporada de promoção de seu novo CD, e o Vitrola esteve lá. O que nós vimos foram as habituais cenas de idolatria, nem sempre (ou quase nunca) correspondidas, de um público que lotou o Palácio das Artes.
A Banda de Chico é excepcional: Jorge Helder e Wilson das Neves, o maestro e arranjador Luiz Claudio Ramos, João Rebouças (piano e teclados), Chico Batera(percussão), Marcelo Bernardes (flautas, saxofone) e Bia Paes Leme (teclados e vocais).
O show é correto, embora comece bastante frio, mas reserva algumas boas surpresas. Canções menos frequentes nas apresentações ao vivo, como Baioque, Ana de Amsterdam, O Velho Francisco , De Volta ao Samba, Desalento, Injuriado substituiram outras mais conhecidas. Do novo disco algumas ainda pouco conhecidas, como Querido Diário e Rubato. Chico quase não se move no palco, mas é adorado. O climax vem com as mais conhecidas do público : Geni e o Zepelim, Sob Medida, Bastidores, Todo o Sentimento , O Meu Amor , Teresinha , e “Anos Dourados.
Outro momento interessante foi quando Chico brinca de rap em resposta ao rapper Criolo, que fez uma música inspirada em Cálice. Diz Chico:
” Pai, afasta de mim a biqueira
Afasta de mim as ´biate´
Afasta de mim a ´cocaine´
Pois na quebrada escorre sangue
Pai, afasta de mim esse cálice/ De vinho tinto de sangue”
Um momento especial do show acontece quando ele convida seu “personal baterista”,Wilson das Neves, para cantar e divide com ele os vocais de Teresa da Praia (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), imortalizada por Dick Farney e LúcioAlves.
Chico volta duas vezes para o bis e no segundo e último bis canta Na Carreira (Edu e Chico), do “Grande CircoMístico”, de 1982, que avisa ao público:
” Hora de ir embora
Quando o corpo quer ficar
Toda alma de artista quer partir
(…)
Ir deixandoa pele em cada palco
E não olhar pra trás
E nem jamais
Jamais dizer
Adeus”
Chico abre os braços, se despede com um tímido beijinho, que mal escorrega de suas mãos e dá adeus. Fica a impressão de que o show poderia ter sido melhor. Chico é muito tímido, tem pouca presença de palco e isto limita um pouco o espetáculo. Ser um artista que agrada seu público, que pagou caro para assistí-lo, e que quer escutar sempre as mesmas músicas ( como fazem Roberto Carlos e Paul McCartney, por exemplo), ou arriscar em um show mais ousado, recheado de músicas menos conhecidas e mais novas ? Qual a fórmula ideal ? Chico escolheu o meio do caminho, o que parece ser uma decisão sábia e justa. Resumindo, gostamos. Dou 4 estrelas.
É meu caro Mauro, voces foram privilegiados desta vez. Quanto ao seu comentário sobre presença de palco, depois dos Menudos, os caras alem de serem geniais ainda tem que ser superatletas, com zilhões de efeitos especiais
Quanto ao Chico Buarque em si, ele nunca cantou nada, mas suas letras são de uma geniaqlidade tal que eu nem percebo, e adoro ouvi-lo, mas certamente com outros interpretes fica bem melhor.
Achei uma grande idéia do show mixto, pois no caso dele, só novidades desapontaria, e as de sempre, bem.., convenhamos, já ouvimos bastante, apesar de nunca me cansar de determinadas poesias!
Forte abraço
Paulo
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Você esqueceu de falar que ele cantou Futuros Amantes, de 1993, que também não costuma ser frequente nas suas playlists, e é linda!
Temos que entender que, apesar de artista, Chico é tímido, e ele tem direito de ser, não é todo mundo que nasceu para ser popstar como Paul McCartney (e Roberto Carlos, apesar de gostar de ser louvado, também é estático em palco). Deve ser também difícil de montar em playlist em meio a tantos sucessos; o público gosta de ouvir as de sempre, mas nem sempre as mesmas (dificil essa frase! hehe), e o cantor tem o direito de querer divulgar o que é novo, afinal deve ser um saco tocar sempre a mais pedida depois de tantos anos de carreira.
A timidez dele é um charme, e o preço do seu show só é tão caro porque os fãs acham que ele merece tamanha recompensa, afinal Chico não é show de Morumbi, Chevrollet Hall ou Maracanã…ele já passou disto, hoje ele se encaixa perfeitamente no palácio das artes, que é da intimidade e tamanho dele, sorte de quem conseguiu assistir. A crítica fica para os organizadores do evento, que veem tamanha adoração pelo cantor representada pelos ingressos de 4 dias de shows esgotados em 2 dias: que tal dedicar mais tempo a nossa capital mineira?
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Tereza da Praia é composição de Jobim e Billy Blanco, não Vinicius
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Correto, obrigado pela correção
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