Este ensaio é para quem tem mais de 4o anos, mas os nossos leitores mais jovens podem também se deliciar, se tiverem curiosidade e paciência.
Anos 70. Não havia mp3, internet, a TV a cores estava começando, e mesmo o rádio era AM, em sua grande maioria, apenas algumas poucas emissoras FM operavam, ainda em carater experimental. E a música pop, junto com o rock estava na sua melhor fase, com “zilhões” de novos ritmos, novas bandas, novas músicas, aparecendo ao redor do mundo.
O que fazer ? Quando ligávamos a televisão, o mais avançado que podíamos ver era a Jovem Guarda ou a Rita Pavone. As rádios tocavam um pouco de MPB (altamente censurada) e a musiquinha pop mais descartável do planeta (muitas músicas em inglês na época, trilhas de novela e filmes nacionais eram compostas e gravadas aqui mesmo por artistas nacionais). Claro que existiam os grandes lançamentos (Beatles,Rolling Stones e Cia), mas um LP (Long Playing ou vinil ou um compacto (single)) demoravam de 3 a 12meses, após seu lançamento, para chegarem, em quantidade reduzida no mercado nacional (isto quando eram lançados)
Qual a saída?
Ela veio do Rio de Janeiro. Um cara muito louco, chamado Newton Alvarenga Duarte, colecionador inveterado de músicas (tinhauma coleção que chegou a 20 mil discos ), conseguiu encaixar um programa de “lançamentos internacionais”, inicialmente na rádio Tamoio do Rio e mais tarde, já com grande repercursão, passou a ser o principal programador da Rádio Mundial AM também do Rio.
Todas as noites, após a meia-noite, com sua voz característica apresentava músicas inéditas dos Beatles e todo tipo de música onde promoveu o RB , Blues e claro, o melhor do Rock’n Roll .Seu programa era campeão de audiência, não só das noites cariocas, mas em todo o Brasil. Aqui em BH, era possível, após a meia-noite, quando a potente Rádio Inconfidência desligava sues equipamentos, escutar com muito chiado e boa vontade o Programa do Big Boy, o que eu e meu inseparável e saudoso amigo Antônio Carlos fazíamos, com frequência, ao menos nos finais de semana, para nos mantermos atualizados. Meia noite e no ar o famosoo famoso jargão :
“Aqui fala BIG BOY apresentando a Mundial é show musical ) que era patrocinado pelo VIPS motel que acho que ainda existe até hoje no Rio.” Big Boy apresentava também ao lado de Ademir (DJ da época) apresentava o Baile da Pesada ao vivo nas noites cariocas e que depois tinham suas trilhas lançadas em LPs.
Ao longo de toda sua vida profissional, Big Boy continuou ampliando sua coleção. Em diversas viagens a outros países apurou seu acervo, buscando raridades como “discos piratas” de tiragens limitadíssimas. Ao morrer havia juntado cerca de 20 mil títulos, entre LPs e compactos, na maioria importados, que abrangem diversos gêneros musicais como rock, jazz, soul music, rock progressivo, musica francesa, trilhas sonoras de filmes, orquestrais, etc. Como um todo, a discoteca Big Boy constitui-se num acervo cultural importantíssimo, pois retrata vários períodos do cenário discográfico mundial e, mais do que uma coleção, trata-se da síntese do trabalho de um profissional que ousou inovar.
Como tudo que é bom acaba cedo, morreu aos 34 anos, sufocado por um ataque de asma, num quarto de hotel em São Paulo. Fica a saudade e para nós mais velhos a gratidão por ele ter nos apresentado centenas de músicas e músicos que não teríamos como conhecer na época
LONGA VIDA BIG BOY! Para o Vitrola você é imortal
DISCOGRAFIA:
LPs onde Big Boy selecionava o repertório e gravava locuções e vinhetas que eram mixadas às faixas, recriando uma parte do repertório tocado nos Bailes da Pesada:
- Baile da Pesada” (1970);
- Big Baile” (1971);
- Baile da Cueca” (1972);
- The Big Boy Show” (1974).
Assista ao Documentário (Vale a pena):
Se você quiser ter uma amostra de alguns dos sucessos lançados por Big Boy , procure no nosso Blog parceiro Raras Músicas